Salvo ocorrência muito inesperada, daqui a menos de um ano, em junho de 2024, o México vai eleger uma mulher para Presidente. As pessoas escolhidas pelas duas principais forças políticas para concorrer ao cargo são mulheres, pelo que é quase certo que a principal cadeira do poder será de uma mulher.
O Movimento Regeneração Nacional (Morena), do Presidente Andrés Manuel López Obrador — impedido pela Constituição de concorrer a novo mandato —, escolheu Claudia Sheinbaum, de 61 anos e com ascendência judaica, licenciada em física e doutorada em engenharia ambiental; e a candidata da coligação opositora Frente Ampla para o México é Xóchitl Gálvez, engenheira informática e empresária do ramo da tecnologia com origens indígenas.
Sonho feminista? Podia ser, tem potencial para vir a ser. No entanto, sob uma paridade política invejável, até para padrões da Europa do Norte e Ocidental, subsiste uma cultura machista. A violência de género, incluindo o femicídio, é problema de tal forma comum que alguns analistas usam uma palavra normalmente associada a comportamentos enraizados na sociedade, como a corrupção endémica. De 427 vítimas de femícidio em 2015, o número saltou para 1004 em 2021 (mais 135%). Mais de 34 mil pessoas foram mortas no México em 2021, segundo o Índice de Paz do México (MPI) de 2022.
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