Internacional

Decreto aprovado pelo governo italiano facilita ida de menores para a prisão

Giorgia Meloni visitou Caivano, perto de Nápoles, onde duas raparigas foram alegadamente violadas por um grupo de seis rapazes
Giorgia Meloni visitou Caivano, perto de Nápoles, onde duas raparigas foram alegadamente violadas por um grupo de seis rapazes
Ivan Romano/Getty Images

A medida mais importante é a redução do limite para a prisão preventiva de nove para seis anos, embora o governo não tenha diminuído a idade de imputabilidade dos menores, algo que o vice-presidente do executivo e líder da Liga Itália, Matteo Salvini, tinha exigido

O Governo italiano aprovou quinta-feira um decreto-lei contra a delinquência juvenil que facilitará a ida de menores para a prisão, embora tenham ficado de fora outras medidas mais polémicas.

Entre as medidas mais polémicas que não constam do decreto figuram a redução da idade de responsabilidade penal ou a proibição de os menores acederem a sites pornográficos.

O "Decreto Caivano", que tem o nome da cidade perto de Nápoles (sul) com graves problemas de delinquência e negligência e onde a recente violação de duas primas de 10 e 12 anos por um grupo de menores chocou o país, também pune com penas de prisão os pais que não mandem os filhos para a escola.

"Estamos a dar um sinal em questões muito complexas, estamos a mostrar a nossa cara em assuntos difíceis de resolver", disse a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.

A medida mais importante é a redução do limite para a prisão preventiva de nove para seis anos, embora o governo não tenha diminuído a idade de imputabilidade dos menores, algo que o vice-presidente do executivo e líder da Liga Itália, Matteo Salvini, tinha exigido.

"Lemos artigos na imprensa sobre a responsabilidade penal, nos quais se falava em baixar o limite de idade de 14 para 12 anos. Isso seria contrário à racionalidade e à ética", declarou o Ministro da Justiça italiano, Carlo Nordio, que se declarou favorável a "combinar a repressão da delinquência juvenil com cursos de reeducação".

Nordio referiu-se também às medidas adotadas contra os pais e contra os que exercem o poder paternal, porque a origem da delinquência "reside muitas vezes na falta de sentido cívico das famílias", recordando que passou a ser crime não frequentar a escola e que os pais que não levarem os filhos ao estabelecimento de ensino serão punidos com penas de prisão.

"Acabei de descobrir que, em Itália, quem não mandasse os filhos para a escola pagava 30 euros", disse Meloni, garantindo que "agora tudo é diferente".

O decreto introduz também um aumento da pena para o tráfico de droga menor, com a detenção do jovem em flagrante delito, segundo o ministro do Interior italiano, Matteo Piantedosi.

Uma das medidas mais aguardadas, a proibição do acesso de menores a portais de pornografia, considerada uma fonte de violência e crime, como no caso da violação de Caivano, não foi aprovada porque, como reconheceu Meloni, é uma questão em que a privacidade complica a tomada de decisões.

"É necessário o reconhecimento facial do menor e existem dinâmicas complexas com a privacidade", explicou Meloni, que destacou as palavras da ministra da Família italiana, Eugenia Roccella, que comentou que a idade do primeiro acesso à pornografia se situa entre os seis e sete anos, segundo indicaram os especialistas.

O decreto cria ainda uma Zona Económica Especial (ZEE) para o sul do país, bem como a atribuição de fundos no valor de 45 milhões de euros à ilha de Lampedusa (Sicília), considerada a porta de entrada da imigração irregular no país.

Nota: notícia alterada às 13h04, com nova versão, após a Lusa informar que o take anterior, que tinha como título “Governo italiano aprova lei que permite detenção de crianças a partir dos 6 anos” citava informação errada contida na notícia da Associated Press que lhe serviu de base

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