“A vida aqui é um inferno. Para comer só temos o que o solo vai dando. Quem não tem terreno depende de vizinhos. Os supermercados estão vazios. Só temos comido abóboras, pepinos e tomates.” O Expresso recebe por WhatsApp, da professora de inglês Tatev Martirosyan, este relato da vida em Nagorno-Karabakh, território incrustado no Azerbaijão, mas há séculos habitado por arménios.
Sucedem-se boatos de raptos e mortes, impossíveis de confirmar. Não há jornalistas na região, isolada há mais de nove meses, desde que o Azerbaijão cortou a sua única ligação ao mundo, o corredor de Lachin, por onde entravam 90% dos produtos ali consumidos.
Em resposta ao Expresso, o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros do Azerbaijão rejeita a ideia de bloqueio. Garante que o corredor foi fechado devido à “utilização abusiva e generalizada da estrada de Lachin para abastecimento e a manutenção das forças armadas arménias, que ainda não se retiraram totalmente do Azerbaijão desde o fim da guerra em 2020”.
Os arménios desmentem, dizem que é só uma desculpa para Baku continuar a apertar o território “como uma jiboia”, nas palavras de Richard Giragosian, arménio-americano que reside na capital da Arménia, Yerevan, há mais de 15 anos, e que falou com o Expresso sobre o problema.
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