Ministro da Defesa do Reino Unido demite-se, Grant Shapps assume o cargo
Ministro da Defesa britânico, Ben Wallace, junto ao número 10 de Downing Street
ANDY RAIN
Sai na procura de “novas oportunidades” e para investir em áreas da vida que “negligenciou”. Ao abandonar o cargo de ministro da Defesa do Reino Unido, Ben Wallace recorda a gestão de ameaças como os envenenamentos de Salisbury e a guerra na Ucrânia. O nome do seu sucessor já é conhecido. Será Grant Shapps a assumir o cargo
A carta com o pedido de demissão está assinada com a data de quarta-feira. Depois de quatro anos como ministro da Defesa, Ben Wallace pede para sair do cargo dizendo que “é a altura de investir em partes da vida que negligenciei, e explorar novas oportunidades”. Na mensagem que deixa ao primeiro-ministro Rishi Sunak, destaca o seu papel na gestão de ameaças como os ataques terroristas de 2017, os envenenamentos de Salisbury, Afeganistão, Sudão e Ucrânia e alerta para aquilo que se segue.
“Acredito genuinamente que na próxima década o mundo vai tornar-se mais inseguro e instável. Ambos partilhamos a crença de que agora é o tempo de investir. Desde que me juntei ao Exército dediquei-me a servir o meu país. No entanto, essa dedicação acarreta um custo pessoal para mim e para a minha família”, observa Wallace. A par disso, frisou a vontade de que se continue a investir na área da defesa após a sua saída.
A resposta de Sunak deixou elogios à forma como o ministro de saída lidou com a retirada de pessoas do Afeganistão e na resposta à invasão da Ucrânia. “Percebeste, antes de outros, quais eram as verdadeiras intenções de Vladimir Putin na Ucrânia. A tua determinação em fornecer armas a Kiev antes dos russos atacarem teve um efeito relevante na capacidade dos ucranianos em contrariar a invasão”, escreveu.
O afastamento de Ben Wallace já era esperado. Em julho do ano passado o ministro disse ao jornal ‘The Sunday Times’ que não seria deputado nas próximas eleições nacionais do Reino Unido e que deixaria o governo quando Sunak criasse uma nova equipa, escreveu a Reuters. Wallace chegou a ser visto como um possível candidato à liderança do partido Conservador perante a saída de Boris Johnson – e uma das figuras mais populares para esse efeito – mas decidiu não concorrer.
Grant Shapps
Anadolu Agency/Getty Images
O sucessor: Grant Shapps
Com a saída de Wallace, ficou um lugar vago no governo. Rishi Sunak foi rápido na tomada de uma decisão e já nomeou o ministro para a Segurança EnergéticaGrant Shapps para assumir o cargo.
Na rede social X (anteriormente conhecida por Twitter), Shapps prestou tributo à contribuição do seu antecessor para a defesa do Reino Unido e para a segurança global, e destacou que vai manter o apoio à Ucrânia.
“Ao começar a trabalhar no (ministério da) Defesa, estou ansioso por trabalhar com os corajosos homen e mulheres das nossas Forças Armadas que defendem a segurança da nossa nação. E continuar o apoio do Reino Unido à Ucrânia na sua luta contra a invasão bárbara de Putin”, escreveu.
O ex-primeiro-ministro Boris Johnson diz que Shapps é “uma excelente escolha” para substituir Wallace. No entanto, a diversidade do currículo não lhe garante apenas elogios. O antigo chefe do Estado-Maior, o general Sir Richard Dannatt, disse à ‘Sky News’ que o novo ministro “sabe muito pouco sobre defesa” e que “vai demorar algum tempo a atualizar-se e há o risco do debate sobre os recursos para a defesa estagnar”.
A saída de Bem Wallace gerou sucessivas mudanças no governo. Segundo o ‘The Guardian’, a passagem de Shapps a ministro da Defesa levou à escolha de Claire Coutinho como ministra para a Segurança Energética, e por sua vez à passagem de David Johnston a subsecretário de Estado no departamento para a Educação para a substituir.
Segundo o ‘The Telegraph’, a liderança do ministério da Defesa será o quinto cargo ocupado por Shapps no governo no espaço de um ano: foi ministro dos Transportes, ministro da Administração Interna durante apenas seis dias ao substituir Suella Braverman, ministro do Comércio e ainda ministro para a Segurança Energética.