Donald Trump recebeu, domingo à noite, uma carta a informá-lo de que pode ser indiciado numa investigação federal relacionada com as alegadas tentativas do ex-Presidente dos Estados Unidos e de alguns dos seus aliados de reverter o resultado das presidenciais de 2020, em que Joe Biden foi eleito Presidente.
Estas “cartas-alvo”, target letters na designação original, são enviadas quando os investigadores de um determinado caso consideram ter recolhido indícios suficientes para que alguém seja indiciado por um crime.
“The New York Times” escreve que a missiva cita três estatutos legais que podem ser aplicados num caso contra Trump, que envolvem uma potencial acusação de conspiração para defraudar os Estados Unidos, além de acusações “mais vagas”, segundo o jornal, “relacionadas com a quebra de direitos fundamentais”. Para já, é tudo o que se sabe sobre os crimes poderão vir a ser imputados a Trump, mas nem sequer há certeza de que venha a ser indiciado.
É provável, no entanto, que seja esse o desfecho. “Este caso está relacionado com crimes que são, do meu ponto de vista, muito mais gravosos e com mais potencial para terem impacto nas eleições do que qualquer outro caso pelo qual Trump tenha sido chamado a responder até agora”, diz ao Expresso a investigadora Diana Soller, do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI), da Universidade Nova de Lisboa. “Por muito que Trump se posicione, politicamente, como alguém que não está obrigado a cumprir as leis do país, porque está fora do sistema e não tem de lhe responder, a verdade é que tentar transformar resultados eleitorais é algo com muito peso, não deverá ser indiferente”.
“Vamos perceber se o eleitorado indestrutível de Trump se mantém ao seu lado”
As informações que têm chegado à imprensa dos Estados Unidos indicam que a equipa de advogados de Trump, candidato à Casa Branca em 2024, foi apanhada de surpresa por este aviso, enviado pelo procurador especial Jack Smith, que chefia a investigação sobre as suspeitas de tentativa de subversão dos resultados eleitorais. O principal episódio dessa história é a invasão do Capitólio, sede de ambas as câmaras do Congresso, a 6 de janeiro de 2021.
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