Contrariando o regime russo e argumentado que “a guerra não era necessária para desmilitarizar ou desnazificar a Ucrânia”, o líder do grupo Wagner anunciou, esta sexta-feira, o início de uma rebelião contra o Ministério da Defesa da Rússia. E garantiu ter 25 mil mercenários às suas ordens e prontos para morrer, apelando aos russos para se juntarem a eles numa “marcha pela justiça”.
“Somos 25 mil e vamos descobrir os motivos do caos que está a acontecer no nosso país”, declarou Yevgeny Prigozhin. “Aqueles que destruíram a vida de dez milhares de soldados vão ser punidos.” O líder do grupo paramilitar declarou ainda que a força aérea russa recebeu ordens para atacar as colunas do grupo Wagner que se deslocavam de território ucraniano para Rostov. O alegado bombardeamento terá ocorrido na sequência de Prigozhin ter acusado os líderes militares russos de terem enganado Putin para que este se decidisse pela invasão da Ucrânia.
Deixamos aqui os principais acontecimentos desde que o grupo anunciou a rebelião:
- A Rússia abriu um processo criminal contra Prigozhin e está a investigá-lo por “incitamento a motim”. Os serviços de segurança russos reveleram que ele pode enfrentar “prisão eminente”.
- O Grupo Wagner já controla as instalações militares e o aeródromo de Rostov, cidade-chave para o ataque da Rússia à Ucrânia. Mas assegurou que os aviões militares envolvidos na invasão da Ucrânia estão “a partir normalmente” do aeródromo e a realizar “tarefas de combate”.
- O empresário exilado Mikhail Khodorkovsky, opositor de Putin, declarou que “é altura de ajudar” o chefe do grupo Wagner. “Sim, até o diabo teria de ser ajudado se decidisse ir contra este regime!"
- Putin diz que a rebelião armada é uma “traição” e “uma punhalada nas costas do nosso povo”. E acrescenta que todos os que peguem em armas contra os militares russos serão punidos.
- Também as instalações militares em Voronej foram tomadas pelo grupo Wagner, anuncia o grupo paramilitar na plataforma de mensagens Telegram. “O exército passa para o lado do povo.”
- A cidade e a região de Moscovo, bem como a região de Voronej, introduziram o regime de operações antiterroristas para “prevenir eventuais atentados”.
- A Rússia pediu aos combatentes do grupo Wagner para deterem Prigozhin e assegurou que irá garantir a segurança de todos os seus membros que se dissociem daquilo que considera ser uma “aventura criminosa” do seu líder.
- Os Estados Unidos, a Comissão Europeia, o Conselho Europeu e a NATO garantem estar a acompanhar de perto a rebelião. Os Estados Unidos falam na revolta de um “líder implacável e sedento de poder” na Rússia.
- A Rússia bloqueou mais de 300 quilómetros da estrada entre Rostov e Moscovo, através da cidade de Voronej, para impedir que os membros do grupo Wagner cheguem à capital russa.
- Vários políticos, deputados e líderes regionais, apoiaram a mensagem do Presidente russo ao país. Entre eles, estão os líderes das regiões ucranianas anexadas da Crimeia e de Donetsk, os presidentes da câmara baixa e da câmara alta russas e o governador da região fronteiriça de Kursk.
- Já Yevgeny Prigozhin nega a acusação de “traição” feita por Putin e garante que os seus combatentes “não se renderão”.
- O Presidente ucraniano reagiu à tomada da cidade de Rostov e considerou-a um exemplo da autodestruição da Rússia, na sequência de ter decidido invadir a Ucrânia. E disse que o país recorre a propaganda “para mascarar a fraqueza e a estupidez do seu governo”.
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