5 maio 2023 21:24

Para que nada falhe, há ensaios do cortejo real de madrugada e a alameda The Mall, que vai dar ao Palácio de Buckingham, está engalanada com bandeiras dos 15 países onde reina Carlos III
james manning/pa images/getty images
Há quem acampe perto do Palácio desde terça-feira. Carlos III quer que a sua coroação una o país e inovou no simbolismo da cerimónia, mas não se livra de controvérsias que vão da família à memória histórica
5 maio 2023 21:24
Margaret nem olha para trás quando nos aproximamos. O jantar está servido (frango com batata) e a líder deste acampamento está atarefada a finalizar a cobertura de um bolo, estrategicamente pousado na mesa de jantar improvisada. Ao seu redor estão cinco amigas, todas com mais de 80 anos. Já eram nascidas quando Isabel II subiu ao trono, e cada uma sabe exatamente onde estava quando o rei Jorge VI morreu, em 1952, ou quando a então jovem princesa foi coroada, passados 15 meses: expectantemente sentadas diante de televisores a preto e branco, acabados de comprar para assistirem ao momento histórico.
Passadas sete décadas, estas britânicas trocaram a caixinha mágica pela magia ao vivo e a cores. Estão instaladas desde terça-feira na lateral do Parque de Saint James, para a coroação de Carlos III, marcada para as 11h de sábado na Abadia de Westminster. “Queríamos garantir lugar na primeira fila”, contam ao Expresso, entre tendas, chaleiras e bandeirolas. Nas orelhas envergam orgulhosamente brincos de missangas azuis, vermelhas e brancas, que perfazem a bandeira britânica. Os pendentes foram feitos à mão por Rose Davies, 79 anos, que veio com duas pessoas de Hampshire, no sul do país. Já Sally Doyle desceu à capital vinda da Escócia e Margaret Robins é a anfitriã em Londres. É a sétima vez que a viúva monta a tenda no The Mall, larga avenida que liga o Palácio de Buckingham a Trafalgar Square. Só no ano passado dormiu duas vezes ao relento pela monarquia: no Jubileu (70 anos de reinado de Isabel II, em junho) e após a morte da rainha (em setembro).