Internacional

Pelos menos 30 mortos e centenas de feridos no Sudão: Exército não cede e pede fim de grupo paramilitar

Fumo dos confrontos é por esta altura uma das imagens mais vezes repetida na capital do Sudão. Violência entre grupos militares segue-se a meses de tensão
Fumo dos confrontos é por esta altura uma das imagens mais vezes repetida na capital do Sudão. Violência entre grupos militares segue-se a meses de tensão
MOHAMED NURELDIN ABDALLAH

Comunidade internacional condena violência na capital do Sudão, que se segue a meses de tensão entre grupos rivais dentro das Forças Armadas. Exército recusa negociar se grupo paramilitar não se dissolver

Pelo menos 30 pessoas morreram e centenas ficaram feridas este sábado no Sudão, na sequência de confrontos entre duas forças rivais dentro das forças armadas do país. Os números são avançados pela ONU, e citados pelo The New York Times (NYT), e surgem depois de cenas de enorme violência que começaram na base militar de Cartum, capital do país, e se estenderam imediatamente a outros pontos chave da cidade, como o palácio presidencial, e também a várias cidades sudanesas.

É o culminar de meses de tensão entre os dois grupos, o Exército sudanês e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF), que este sábado anunciou que assumiu o controlo do Palácio Presidencial em Cartum — algo que é negado pelo Exército. Aliás, como escreve o NYT, por esta altura não é certo qual das forças controla a capital do Sudão e o país.

A violência foi já amplamente condenada internacionalmente, tanto pela Organização das Nações Unidas, através de António Guterres, como pela União Europeia, Estados Unidos da América, Rússia e Liga Árabe, que pediram o fim imediato das hostilidades.

A mobilização das RSF ocorreu durante as negociações para chegar a um acordo político definitivo que pusesse fim ao golpe de 2021 e conduzisse o Sudão a uma transição democrática, pacto cuja assinatura foi adiada duas vezes neste mês justamente por causa das tensões e rivalidades entre o Exército e as RSF.

Numa altura em que se pede um acordo de paz, o Exército respondeu: Não haverá negociações ou diálogo antes de dissolver e acabar com a milícia rebelde de ‘Hemedti’”. A frase é do Estado-Maior das Forças Armadas sudanesas e refere-se ao comandante das RSF, general Mohamed Hamdane Daglo.

Os militares sudaneses consideraram Daglo, também conhecido como “Hemedti”, um "criminoso fugitivo" e emitiram um comunicado com a imagem do líder paramilitar com a palavra "procurado", pedindo aos cidadãos que comunicassem o seu paradeiro.

Após os confrontos que começaram esta manhã, os paramilitares garantiram, em entrevistas a vários meios de comunicação social, que a sua intenção é levar à justiça o líder das Forças Armadas, general Abdel Fattah al-Burhan.

As declarações inflamadas das duas partes exacerbaram ainda mais as tensões entre o Exército e as RSF, que continuam a confrontar-se em Cartum e noutras cidades do país, especialmente na conturbada região do Darfur.

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