A aliança conservadora chefiada pelo antigo primeiro-ministro Boyko Borissov (2009-13, 2014-17, 2017-21) terá vencido as eleições legislativas de domingo na Bulgária, segundo resultados preliminares. Segundo a agência Reuters, a coligação entre o partido de Borissov (Cidadãos para o Desenvolvimento Europeu da Bulgária, GERB) e as Forças Democráticas Unidas terá angariado 26,6% dos votos.
Com 87% dos sufrágios contados, na segunda posição está o bloco reformista pró-ocidental Continuamos a Mudança/Bulgária Democrática, com 24,5%, seguido do partido pró-russo Revivalismo, com 14.4%. Também devem estar no Parlamento o Movimento pelos Direitos e Liberdades, que representa a minoria turca no país, com 13,3% dos votos; e o Partido Socialista Búlgaro, herdeiro dos comunistas, com 9%.
O caminho para uma maioria estável de governo não é claro, após aquelas que foram as quintas legislativas búlgaras em dois anos. Os pró-ocidentais recusam entender-se com Borissov, a quem acusam de ter chefiado governos corruptos ao longo de uma década. O veterano — que deve ser convidado pelo Presidente Rumen Radev a encetar negociações para formar Governo, já que foi o mais votado — nega tudo.
Quer Borissov quer Kiril Petkov, chefe dos reformistas, defendem o lugar da Bulgária na NATO e a defesa da Ucrânia na guerra em curso, sem prejuízo dos laços históricos e culturais com a Rússia. Isso poderia constituir um mínimo para se aliarem.
Euro e fundos em risco
“Não tem de ser um governo concebido para durar quatro anos. Isso seria demasiado ambicioso, mas é preciso algum tipo de governo de base parlamentar”, defende em declarações à Reuters o perito Daniel Smilov, do Centro de Estratégias Liberais. O fastio do eleitorado é visível: só 37% foram às urnas. “As pessoas estão a ficar cansadas. Vão castigar partidos que sejam incapazes ou não estejam dispostos a formar um Governo.”
Até porque foram os pró-russos quem mais cresceu, subindo dez pontos percentuais desde as últimas legislativas, em outubro de 2022. O líder do Revivalismo, Kosatadin Kosatadinov, rejeita pactos com Borissov e Petkov.
A instabilidade é preocupante para o país, governado há dois anos por executivos interinos tecnocráticos nomeados pelo chefe de Estado. Sem Executivo em plenitude de funções, não só fica em causa a ambição de aderir ao euro a curto prazo como é mais difícil utilizar os fundos comunitários de recuperação pós-covid.
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