É a nona vez que Xi Jinping se desloca à Rússia desde que se tornou Presidente da China. Esta viagem, que começou segunda-feira e prolonga-se até quarta, será definida, escreveu o próprio num artigo para o jornal “Gazeta Russa”, órgão oficial do Kremlin, como “uma jornada de amizade, cooperação e paz”. Putin, por sua vez, assina um outro texto no “Diário do Povo”, do Partido Comunista Chinês (PCC), onde coloca Xi na categoria de “bom e velho amigo” e diz esperar dele uma “contribuição significativa para a resolução da crise”. É uma “crise” e não uma “invasão”. Os dois lados concordam.
Xi quer estabelecer-se como o mediador de conflitos mais requisitado do mundo. No entanto, neste terreno, há poucas hipóteses de que o secretário-geral do PCC consiga persuadir a Rússia, ou a Ucrânia, a aceitar uma trégua, ainda que momentânea.
O que Xi deseja e aquilo que pode conseguir nesta viagem é como um jogo de sombras na parede, a projeção é sempre maior do que o objeto real que lhe dá origem. “A China tem muito interesse em mediar este processo de paz para tentar reerguer-se de um ano desastroso, no que diz respeito à sua imagem internacional: todos os exageros política de ‘covid zero’, as acusações de espionagem por parte dos Estados Unidos, o apoio à Rússia, as ameaças a Taiwan, tudo isto foi usado pelos Estados Unidos para enfraquecer a posição de Xi e da China no mundo”, diz ao Expresso Jorge Tavares da Silva, professor de Estudos Chineses na Universidade de Aveiro.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: afranca@impresa.pt