Internacional

Turquia. A última batalha do sultão do nosso tempo

28 janeiro 2023 19:37

José Pedro Tavares

José Pedro Tavares

Correspondente em Ancara

burhan ozbilici/suspilne

Há 20 anos no poder, Recep Tayyip Erdogan quer cimentar o seu legado nas urnas no centenário da república. As sondagens não estão do seu lado

28 janeiro 2023 19:37

José Pedro Tavares

José Pedro Tavares

Correspondente em Ancara

O Presidente turco anunciou, terça-feira, que haverá legislativas e presidenciais a 14 de maio. Em 1950, foi nesse dia que Adnan Menderes ganhou as primeiras eleições multipartidárias no país, após décadas de regime do homem que fundou a república há 100 anos, Mustafa Kemal Ataturk (Partido Republicano do Povo, CHP, ainda o maior da oposição). “Nessa data o povo disse ‘basta!’. Agora, de novo, os turcos porão os golpistas no lugar, 73 anos depois do fim da era do partido único”, referiu Recep Tayyip Erdogan. Será candidato “uma última vez”.

“Estas eleições irão determinar se a Turquia adota um rumo mais liberal e laico e uma política externa mais previsível ou se continua refém de políticas autoritárias”, definiu a veterana jornalista e comentadora política turca Nazlan Ertan. “Entre as muitas eleições que devemos seguir este ano a mais importante é a turca”, sugeria Bobby Ghosh, colunista da Bloom­berg. “O que acontece na Turquia não fica na Turquia”, frisa Ziya Meral, analista turco num think tank britânico. Erdogan “usa e abusa da política externa para consumo interno”, confirmou Barçin Yinanc, outra respeitada analista.