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Reino Unido: Cocaína detetada numa casa onde Liz Truss dava festas

Liz Truss à porta da residêcia de Chevening em outubro de 2021, quando era ministra dos Negócios Estrangeiros
Liz Truss à porta da residêcia de Chevening em outubro de 2021, quando era ministra dos Negócios Estrangeiros
Hollie Adams/AFP/Getty Images

Jornal “The Guardian” revela que funcionários encontraram vestígios da droga na mansão de Chevening, que a antiga primeira-ministra utilizou quando tutelava os Negócios Estrangeiros. Em duas ocasiões tal sucedeu após Truss dar festas para amigos e aliados políticos. Também no tempo de Boris Johnson foi encontrado pó branco em Downing Street

Foram detetados vestígios de cocaína numa mansão pertencente ao Estado britânico e usada pela ex-primeira-ministra Liz Truss. Segundo o jornal londrino “The Guardian”, um funcionário da residência de Chevening contou que o pó branco foi detetado no verão passado, pouco antes de a conservadora ter vencido a corrida à liderança do partido, sendo, por essa via, promovida à chefia do Governo.

A mesma fonte afirma que um teste químico indicou a presença de cocaína no pó em causa. No Reino Unido a posse desta droga é crime e pode valer até sete anos de cadeia.

Trabalhadores de Chevening — uma casa em Kent, no sul de Inglaterra, historicamente utilizada por ministros dos Negócios Estrangeiros, cargo que Truss ocupou até passar para Downing Street — asseguram ter encontrado restos de pó branco em duas ocasiões, numa mesa de uma sala de jogos da propriedade.

Em ambas as ocasiões, uma no fim de semana de 19 a 21 de agosto e outra no de 2 a 4 de setembro, houvera festas na véspera, com Truss a receber amigos e aliados políticos na mansão do século XVII, que tem 115 divisões e uma propriedade contígua de 12 quilómetros quadrados. Estava-se na reta final da eleição interna do Partido Conservador, cujos resultados foram anunciados a 5 de setembro.

Pó branco em saquinhos de plástico

O mesmo jornal cita outra fonte, segundo a qual também havia vestígios de cocaína em gabinetes do n.º 10 de Downing Street, residência oficial do primeiro-ministro britânico, no tempo em que Boris Johnson ocupava o cargo e se realizavam ali festas, apesar das medidas decretadas para travar a covid-19. A droga seria frequente nas instalações do Governo, afirma a fonte, mas não há sinais de que Truss ou Johnson a consumissem ou presenciassem o seu consumo.

Em Downing Street empregados da limpeza terão encontrado pó branco em casas de banho e escritórios, incluindo em pequenos sacos de plástico, escreve “The Guardian”. Nas imediações havia um cartão de crédito e lenços com restos de sangue e vomitado.

Uma das vezes em que tal sucedeu foi a 17 de abril de 2021, véspera do funeral do príncipe Filipe, marido da rainha Isabel II. É público que nessa noite houve uma festa ilegal no n.º 10. Funcionários da residência terão ido buscar garrafas de vinho numa mala de viagem e alguém partiu um baloiço de criança pertencente ao filho de Johnson. A outra noite de que restaram vestígios de droga foi a 19 de dezembro de 2020, após uma festa de Natal.

A investigação realizada este ano às festas ilegais em instalações do Governo não referiu qualquer consumo ou presença de narcóticos. No ano passado houve notícia de deteção de cocaína em casas de banho do Parlamento britânico, incluindo perto do gabinete de Johnson.

Johnson e Truss não comentam

Ambos os ex-primeiros-ministros em causa defenderam medidas duras contra o consumo e tráfico de droga. Johnson admitiu o confisco de passaportes e cartas de condução a consumidores e Truss — que acabaria por governar cerca de mês e meio — estabeleceu como prioridade “reprimir as drogas ilegais”. A ex-chefe do Executivo não respondeu às perguntas do jornal, afirmando apenas através de um porta-voz: “É categoricamente falso”.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros, que Truss ocupou durante o Governo e Johnson e este durante parte do mandato de Theresa May, tampouco quis pronunciar-se. Já um porta-voz do ex-primeiro-ministro diz que “Boris Johnson está surpreendido por estas alegações, pois nunca teve conhecimento de suspeitas de consumo de drogas no n.º 1 de Downing Street e, tanto quanto sabe, nunca houve queixas disso”. Recorda ainda a sua política antidrogas.

O gabinete do atual primeiro-ministro, Rishi Sunak, contrapõe que o jornal “não apresenta provas” da notícia, que, a existirem, deviam ser “denunciadas à polícia”. E remete para a investigação do ano passado.

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