O Partido Democrático (PD) italiano suspendeu o eurodeputado Andrea Cozzolino de todos os órgãos da força política, após ter sido implicado no escândalo de corrupção que envolve o Qatar pelo seu assistente, um dos detidos do processo.
A suspensão anunciada nesta sexta-feira é "imediata" e "por precaução", até que as investigações estejam concluídas, referiu a formação política num comunicado, divulgado no fim de uma reunião da Comissão Nacional de Garantia do PD, convocada hoje de urgência pelo líder do partido, Enrico Letta.
O PD considera que "é lesado nesta matéria e promete agir em conformidade em todos os casos judiciais".
Os nomes de vários políticos italianos surgiram entre os suspeitos de envolvimento no escândalo de corrupção no Parlamento Europeu para favorecer o Qatar, já conhecido como 'Qatargate', e que, segundo um dos detidos, envolve também Marrocos.
Cozzolino, eurodeputado desde 2009, foi implicado no caso e identificado como um dos responsáveis pela rede pelo seu assessor, o também italiano Francesco Giorgi, que se encontra detido.
Este também foi assessor de Pier Antonio Panzeri, antigo eurodeputado italiano, agora também detido e que os procuradores belgas -- responsáveis pela condução da investigação deste processo - suspeitam que seja um dos principais protagonistas deste esquema de alegados subornos.
Andrea Cozzolino, que já deixou o grupo dos socialistas europeus (Socialista & Democratas, S&D), defendeu quinta-feira a sua inocência e disse estar "profundamente perturbado" com a detenção do seu assistente, dizendo não ter "ideia" do seu envolvimento.
A par de Pier Antonio Panzeri, estão detidos no âmbito do 'Qatargate' Eva Kaili (entretanto destituída do cargo de vice-presidente do Parlamento Europeu), o companheiro desta e assessor no Parlamento Europeu Francesco Giorgi, e o lobista e diretor da organização não-governamental (ONG) Sem Paz Sem Justiça, Niccolò Figà-Talamanca, também italiano.
Todos eles são acusados no âmbito da investigação, ainda em curso, de participação numa organização criminosa, branqueamento de capitais e corrupção, para defender nas instituições europeias os interesses do Qatar, atual anfitrião do Mundial de Futebol 2022, que negou o envolvimento em tentativas de corrupção.
A investigação, que ainda está em aberto, visou outros cidadãos italianos, como Luca Visentini, presidente da Confederação Internacional dos Sindicatos (ITUC), que foi, no entanto, libertado pouco depois da sua detenção.
Também estão detidas a filha e a mulher de Pier Antonio Panzeri, Maria Colleoni e Sílvia Panzeri, acusadas de ajudar o político nas suas atividades ilícitas e que estão em prisão domiciliária, estando previsto serem ouvidas em tribunal na próxima segunda-feira.
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