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“As empresas tecnológicas americanas querem fazer mais em Portugal, mas estão nervosas com a presença chinesa no sector”

Dereck J Hogan, vice-secretário principal do departamento de Assuntos Europeus e Euroasiáticos do Departamento de Estado americano, esteve em Lisboa
Dereck J Hogan, vice-secretário principal do departamento de Assuntos Europeus e Euroasiáticos do Departamento de Estado americano, esteve em Lisboa
TIAGO MIRANDA

Dereck Hogan, vice-secretário principal do departamento de Assuntos Europeus e Euroasiáticos do Departamento de Estado dos EUA, diz que há meios a mobilizar para “deixar claro à Rússia que não pode chegar à Ucrânia e, literalmente, tentar destruir o país”. Em entrevista ao Expresso, descreve que não há planos para reforçar a presença militar americana na base das Lajes e fala do receio que empresas americanas têm da presença da China no sector da tecnologia de informação em Portugal

Dereck J. Hogan é vice-secretário principal do departamento de Assuntos Europeus e Euroasiáticos do Departamento de Estado dos EUA. Além de ter sido embaixador dos Estados Unidos na Moldávia, enquanto trabalhou para o Departamento de Estado dos EUA passou por vários outros pontos do mundo, incluindo a Rússia e a Bielorrússia – sendo o russo uma das várias línguas que fala.

Esteve em Portugal na semana passada para participar na reunião da Comissão Bilateral Permanente entre o seu país e Portugal. Ao Expresso, falou sobre os resultados do encontro, como o Governo americano reagiu nas horas em que se suspeitou que mísseis russos tinham caído em território da NATO, e de como a presença da China no sector da tecnologia de informação em Portugal preocupa empresas americanas. Esta tem sido, de resto, uma inquietação permanente de Washington.

Trabalhou na Embaixada em Moscovo. No livro ‘Inside a U.S. Embassy’ é citado a dizer que “os países vão fazer o que fazem, e por vezes o melhor que podemos fazer é tentar mediar e minimizar o conflito”. Aplica-se ao que se passa com a guerra na Ucrânia?
Foi provavelmente foi há uns dez anos. Tenho de dizer que sim, ainda se aplica. Soubemos pela primeira vez das intenções da Rússia em invadir a Ucrânia em outubro. Tivemos conversas privadas a tornar claro o que sabíamos, mas claro, eles disseram “não, não vamos fazer isso”. Nós trabalhámos muito para contactar diretamente a Rússia, mas também desenvolver uma frente unificada forte, a começar pela Aliança, porque estamos a falar de um país que está no flanco oriental da NATO. Tivemos uma avaliação comum da ameaça e uma visão comum de como lidar com ela, e que vai além da Europa. Quando princípios da carta da ONU, como a integridade territorial, são descartados, estamos a falar de ações que iriam perturbar a base da ordem mundial. Deixámos claro à Rússia qual seria o custo de tal ação e tentámos encontrar formas de responder ao que consideravam ser problemas. Em janeiro deste ano tivemos diálogos bilaterais sobre estabilidade estratégica, um encontro da NATO com a Rússia e um encontro na OSCE [Organização para a Segurança e Cooperação na Europa]: três arenas em que tentámos deixar claro à Rússia que estávamos dispostos a dialogar, mas com base em princípios internacionais que todos subscrevemos. A Rússia decidiu o que ia fazer, e é isso que quero dizer com essa frase. Mas o que indicámos à Rússia é que íamos fazer aquilo a que nos comprometemos, o que está a enfrentar agora. A sua economia está numa situação má, até o ministro da Economia russo diz que vai passar muito tempo até voltarem a ver crescimento no país, preveem uma contração nos próximos dois a três anos. E temos mais ferramentas para mostrar à Rússia que não pode chegar à Ucrânia e, literalmente, tentar destruir o país.

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