Reino Unido: coroação de Carlos III marcada para 6 de maio de 2023 na abadia de Westminster
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Novo rei terá cerimónia mais breve e simples do que a da mãe, quase 70 anos antes. Menos horas de duração e menos convidados significam menos gastos, procurando sintonia com um país a viver uma crise de custo de vida
A coroação do rei Carlos III, que no passado dia 8 de setembro herdou o trono britânico por morte da mãe, Isabel II, está marcada para 6 de maio de 2023 em Londres, anunciou esta terça-feira o Palácio de Buckingham, residência oficial da família real do Reino Undo.
Carlos III e a rainha consorte, Camila, serão coroados na Abadia de Westminster, como manda a tradição, numa cerimónia religiosa conduzida pelo Arcebispo de Cantuária, Justin Welby, máxima autoridade da Igreja Anglicana a seguir ao próprio monarca.
“A Coroação refletirá o papel atual do monarca e vai olhar para o futuro, mantendo-se ao mesmo tempo enraizada em tradições e pompa de longa data”, refere o comunicado.
Refletindo esse papel religioso, Carlos será ungido com óleo sagrado e jurará cumprir o papel de “defensor da fé”. Como chefe de Estado, receberá os símbolos do poder régio — a esfera, o anel da coroação e o cetro — antes de ser coroado com a coroa de Santo Eduardo. Camila também será ungida e coroada, como sucedeu em 1937 com a rainha-mãe Isabel Bowes-Lyon (mulher de Jorge VI, o pai de Isabel II e avô de Carlos III).
É preciso mostrar tato
A imprensa britânica tem escrito que Carlos pretende festejos mais modestos do que os da mãe, que no dia 2 de junho de 1953 duraram mais de três horas e reuniram 8000 convidados. “The Guardian” admite uma hora e 2000 individualidades, mantendo-se a utilização da carruagem dourada de 1762, restaurada para o jubileu de platina de Isabel II (comemoração dos 70 anos de reinado, em junho último).
O palácio não entra em pormenores sobre a cerimónia, que se realiza há quase 1000 anos (desde 1066, com Guilherme, o Conquistador). As exceções foram Eduardo V, que desapareceu em criança sem ser coroado, no século XV; e Eduardo VIII, tio-avô de Carlos III, que abdicou em 1936.
David White, rei de armas da Jarreteira, exibe um envelope com a cifra de Carlos III, impresso a 27 de setembro de 2022
“É um exercício de equilíbrio entre o desejo de assegurar a tradição, cerimonial, pompa e circunstância, e refletir que vivemos numa era ligeiramente diferente daquela em que se deu a última coroação, em 1953”, afirma fonte próxima da família real, consultada por “The Telegraph”.
É normal a coroação acontecer meses depois da subida ao trono, dado o tempo necessário para preparar os festejos e o respeito pelo luto após a morte de um soberano. Isabel II só foi coroada 16 meses após a morte de Jorge VI. Desta vez, são oito meses de intervalo.
O contexto de custo de vida elevado pode pesar nas decisões de Carlos, que exigem tato social. Em 1953 tiveram de ser construídas bancadas especiais na igreja para acomodar toda a gente. Segundo o tabloide “Mail on Sunday”, o duque de Norfolk, responsável pela organização da cerimónia, terá recebido instruções para torná-la mais curta, simples e diversa.
Coroação de Isabel II, em 1953
Hulton Archive/Getty Images
Rei coroado no dia de anos do neto
Haverá convidados dos países da Commonwealth e de várias religiões. O jornal sugere que as roupagens tradicionais, por exemplo, dos membros da Câmara dos Lordes deem lugar a fato e gravata. Tampouco haverá apresentação de lingotes de ouro, como em ocasiões anteriores.
O facto de a coroação estar marcada para um sábado deixa no ar a dúvida sobre se será acrescentado um feriado especial ao fim de semana. Este ano, no jubileu de platina de Isabel II (comemoração dos 70 anos de reinado, em junho) e no seu funeral (em setembro), houve feriados. “The Telegraph” adianta que o Executivo está a ponderar essa hipótese.
A data, escolhida em concertação entre o palácio, o Governo britânico e a igreja de Inglaterra, calha no aniversário do filho mais velho do príncipe Harry, filho mais novo do rei. Archie Harrison Mountbatten-Windsor fará quatro anos no dia da coroação do avô Carlos.
A criança vive na Califórnia com os pais, Harry e a atriz Meghan Markle (que se afastaram dos deveres oficiais em 2020) e a irmã mais nova, Lilibet Diana. O filho mais velho de Carlos III, William (agora príncipe de Gales, como foi o agora rei), tem três filhos: George (presumível futuro rei depois do pai e do avô), Charlotte e Louis.
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