As manifestações no Irão, pela morte de Mahsa Amini, presa por usar o véu incorretamente e que veio a morrer no hospital,continuam este domingo em dezenas de cidades, adianta a Reuters. No sábado, o Instituto para o Estudo da Guerra contabilizou 29 manifestações contra o regime do ayatollah Ali Khamenei em vinte províncias do país e que originaram duros confrontos entre polícia e manifestantes.
Pelo menos 185 pessoas, incluindo pelo menos 19 crianças, foram mortas nos protestos que desde 16 de setembro ocorrem em todo o país.
Os números, que dão conta de mais 31 óbitos face ao anterior balanço feito a 4 de outubro, foram revelados pela organização não-governamental Human Rights Iran (HRI).
Segundo a HRI, com sede em Oslo, “metade das mortes” ocorreu nas manifestações realizadas na província do Sistão-Baluchistão, uma das 31 divisões administrativas do país.
Este sábado, terá havido pelo menos dois mortos, segundo a Associated Press.
Um dos manifestantes terá morrido na cidade de Sanandaj, depois de ter sido baleado enquanto conduzia um carro por buzinar às forças de segurança presentes no local por onde passava, refere.
Já um outro foi morto depois dos agentes policiais dispararem tiros para dispersar a multidão onde, para além desta morte, causaram 10 feridos.
Dois mortos na milícia leal ao regime
Também este sábado, pelo menos dois membros da Basijis, a milícia paramilitar leal ao regime iraniano, foram mortos em confrontos forças de segurança e manifestantes.
Um dos Basiji morreu no sábado à noite, na cidade de Sanandaj, capital do Curdistão iraniano, em confrontos “com manifestantes”, segundo a agência de notícias iraniana Irna, que não avançou mais pormenores. Um segundo membro dessas milícias islâmicas foi morto “nos motins” também de sábado à noite, mas em Teerão, informou o porta-voz do Conselho Municipal da capital, Alireza Nadalí, citado pela agência de notícias Tasnim.
Desde que os protestos pela morte de Masha Amini começaram, em 16 de setembro, pelo menos 12 membros das forças de segurança morreram em confrontos com manifestantes, refere a imprensa oficial.
O Irão registou no sábado à noite duros confrontos em várias cidades do país, incluindo Teerão, onde os protestos se espalharam desde o sul do Grande Bazar até a praça Tajrish, no norte.
O Curdistão iraniano, região de origem de Amini, também foi palco de fortes confrontos e pelo menos um civil foi morto a tiro, uma morte que a polícia atribuiu a “forças contrarrevolucionárias”.
Após os confrontos, o governador do Curdistão ordenou o encerramento, hoje, das escolas e universidades da região.
O motivo oficial para o encerramento foi o “aniversário do nascimento do profeta do Islão”, mas, nos anos anteriores, o dia foi comemorado naquela região apenas com redução da carga horária das aulas.
Amini, 22 anos, morreu a 16 de setembro depois de ter sido detida três dias antes pela chamada Polícia Moral de Teerão, com o fundamento de que usava incorretamente o véu islâmico.
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