Polónia disposta a ter armas nucleares dos Estados Unidos no seu território
Andrzej Duda
Adam Warzawa/EPA
Em entrevista ao jornal “Gazeta Polska”, o Presidente Andrzej Duda, revelou que pediu a Washington para instalar armas nucleares no território polaco. Essa ação poderá, todavia, violar o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares. No início do ano, a Rússia tinha quase seis mil armas nucleares
A Polónia está em conversações com os Estados Unidos para receber armas nucleares no seu território, no âmbito da NATO. A informação foi avançada pelo Presidente polaco, Andrzej Duda, em entrevista ao jornal “Gazeta Polska”.
“Existe sempre a possibilidade de participar na distribuição nuclear. Temos falado com os dirigentes americanos sobre se os Estados Unidos estão a considerar a possibilidade de pôr armas nucleares à nossa disposição no âmbito da NATO. O tema está em aberto”, disse o Presidente polaco, citado pelo jornal espanhoç “El Mundo”.
Duda teceu considerações sobre o papel que deseja que o seu país assuma dentro da Aliança Atlântica. “Se a Alemanha quer reduzir o seu potencial nuclear e debilitar a NATO, talvez a Polónia, que está a cumprir fielmente as suas obrigações, possa assumir essa responsabilidade”, lançou.
Pedido pode ser simbólico
Segundo o site “Notes from Poland”, Duda frisou que as armas nucleares posicionadas em território polaco não ficariam sob controlo da Polónia, e que a participação no programa da NATO não implica ter armamento nuclear próprio.
O Presidente polaco afirmara anteriormente, em entrevista à televisão PBS, que se o homólogo russo, Vladimir Putin, utilizasse armas nucleares, seria “completamente marginalizado em qualquer debate político razoável”.
Segundo “The Guardian”, o pedido de Duda é visto como simbólico. Especialistas consultados pelo diário britânico consideram que colocar o armamento perto da Rússia o tornaria menos útil a nível militar. Além disso, escreveu que Washington não dá conta de ter recebido este pedido e que colocar armas nucleares na Polónia poderia constituir uma violação do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares.
Atualmente, há três países na NATO detentores de armas nucleares: Estados Unidos, França e Reino Unido. No entanto, há armas que foram colocadas noutras localizações da Europa. A organização indica que as primeiras armas atómicas americanas chegaram à Europa em 1954 e que há bombas B-61 em vários locais, que se mantêm sob custódia americana.
Uma missão nuclear só pode ser realizada após aprovação explícita do grupo de planeamento nuclear da NATO — no qual participam todos os países membro, com exceção da França, mesmo que não possuam armas nucleares — e da autorização do Presidente dos Estados Unidos e do chefe do Governo britânico.
No início do ano, a Rússia era o país com mais armas nucleares. Dados do Instituto Internacional de Investigação sobre a Paz de Estocolmo (SIPRI) mostram que a Rússia tinha 5977 armas nucleares, seguindo-se os Estados Unidos com 5428 e a China com 350.
Na Europa, o Reino Unido tinha 225 e contabilizavam-se 290 da França. A nível mundial, nove países tinham 12.705 armas nucleares, estimando-se que 3732 estivessem destacadas com forças operacionais e cerca de 2000 dessas fossem mantidas num estado de alerta operacional alto.
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