Angola: João Lourenço tomou posse, prometeu dedicar atenção e forças “ao sector social” e não esqueceu José Eduardo dos Santos
Presidente de Angola, João Lourenço
AMPE ROGERIO/LUSA
João Lourenço iniciou esta quinta-feira o seu segundo mandato como Presidente de Angola. Na cerimónia de investidura pública, que decorreu diante de 15 mil pessoas, o Presidente reconheceu que “a corrupção e a impunidade ainda prevalecem” no país. Entre os chefes de Estado presentes, Marcelo Rebelo de Sousa foi o único europeu
João Lourenço tomou posse, esta quinta-feira, como Presidente de Angola. Iniciará o seu segundo mandato à frente de um país dividido e na senda do pior resultado eleitoral de sempre do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), o partido que lidera e que governa Angola desde 1975.
Na cerimónia de investidura, elogiou os angolanos, que “demonstraram ao mundo que, em momentos cruciais, sabem fazer as melhores opções e escolher com muita responsabilidade o futuro do seu país”, disse João Lourenço, num discurso realizado na Praça da República, em Luanda, diante de uma plateia estimada em 15 mil pessoas.
Ao dar a vitória ao MPLA, prosseguiu, “apostaram na continuidade, como forma segura de garantir a paz, a estabilidade e o desenvolvimento económico e social do país”, apesar do ‘cartão amarelo’ recebido nas urnas.
As eleições gerais de 24 de agosto foram as mais disputadas de sempre na jovem democracia angolana. A Comissão Eleitoral creditou ao MPLA 51,07% dos votos (124 deputados) e à UNITA 44,05% (90). Os restantes seis assentos foram atribuídos a três formações.
UNITA ausente, mas só hoje
O resultado foi contestado pelo principal partido da oposição e o mal-estar estendeu-se à cerimónia da tomada de posse. Adalberto da Costa Júnior não marcou presença, enfatizando dessa forma a sua leitura de que o próximo governo angolano está ferido na sua legitimidade, mas garantiu que os 90 deputados eleitos pelas listas do Galo Negro tomarão posse, esta sexta-feira, na Assembleia Nacional de Angola.
Presidente angolano João Lourenço durante a cerimónia de tomada de posse, em Luanda
AMPE ROGERIO/LUSA
No uso da palavra, João Lourenço elencou as prioridades para o segundo mandato e insistiu que “particular atenção será dada ao sector social, no que concerne ao bem estar das populações” e que o seu governo continuará “a investir no ser humano como principal agente de desenvolvimento”.
Igualmente, “a sociedade angolana e os competentes órgãos de justiça vão prosseguir com o seu trabalho de prevenção e combate contra a corrupção e a impunidade que ainda prevalece, infelizmente”, disse João Lourenço. “Vamos governar contando com a participação e o escrutínio de todos.”
O Presidente comprometeu-se com objetivos climáticos e anunciou grandes projetos em vários pontos do território angolano. Prometeu investir no equipamento das Forças Armadas e melhorar as condições de aquartelamento e os salários das tropas: “É algo a que nos dedicaremos logo nos primeiros dias após a entrada em funcionamento do executivo”.
Marcelo foi o único chefe de Estado europeu
Aproveitando a presença de representantes de cerca de 50 países, João Lourenço falou também para o exterior. “Angola é hoje um país aberto ao mundo, com uma diplomacia dinâmica, com resultados benéficos para a imagem e para a economia do país”, disse.
“Tem vindo a ganhar prestígio e respeito a nível do continente e do mundo, pelo importante papel que vem desempenhando, com algum sucesso, na resolução de conflitos”, como nos casos da República Centro-Africana e nas disputas fronteiriças entre Ruanda e República Democrática do Congo e ainda entre Uganda e Ruanda.
Marcelo Rebelo de Sousa foi o único europeu entre os 12 chefes de Estado que se deslocaram a Luanda. À chegada ao país, o Presidente português disse que as relações entre Angola e Portugal têm sido construídas “passo a passo” e espera que “continuem magníficas”.
Eduardo dos Santos, “o arquiteto da paz”
Paralelamente a João Lourenço, prestou juramento e tomou posse Esperança Maria da Costa, a primeira mulher vice-Presidente na história de Angola.
De frente para o oceano Atlântico e junto ao mausoléu de Agostinho Neto e ao jazigo de José Eduardo dos Santos, João Lourenço não esqueceu os dois Presidentes que o antecederam.
Disse que a cerimónia acontecia dias após “os angolanos e o mundo terem acompanhado à sua última morada e, desta forma, se despedido do arquiteto da paz, o Presidente José Eduardo dos Santos”.
De Agostinho Neto, disse ser um ‘poeta maior” e relembrou o próximo dia 17 de setembro, quando será assinalado o centenário do nascimento do fundador da nação angolana.
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