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Steve Bannon será acusado formalmente de fraude pelo seu envolvimento numa tentativa de financiar o muro na fronteira com o México

Steve Bannon
Steve Bannon
Chip Somodevilla/Getty Images

Os procuradores do estado de Nova Iorque vão acusar esta quinta-feira Bannon de defraudar os contribuidores da sua plataforma digital de angariação de fundos em um milhão de dólares. O ex-conselheiro da Casa Branca já tinha sido acusado do mesmo crime a nível federal, mas o perdão do ex-Presidente Donald Trump encerrou o caso

Steve Bannon, um dos principais arquitetos da campanha vitoriosa que conduziu Donald Trump à Casa Branca, será acusado formalmente esta quinta-feira, dia 8, pelo estado de Nova Iorque por crimes de fraude relacionados com um esquema de angariação de fundos para construir um muro na fronteira entre os Estados Unidos e o México.

Através da plataforma digital de angariação de fundos “We Build the Wall” ["Nós Construímos o Muro"], Bannon e três sócios, Brian Kolfage, Andrew Badolato e Timothy Shea, arrecadaram mais de 25 milhões de dólares com o objetivo expresso de erguer pelo menos 160 km de muro em propriedade privada ao longo da fronteira sul dos EUA. Devido em parte à atenção mediática em torno do projeto de edificação de uma barreira física com o México, uma das principais bandeiras eleitorais de Donald Trump, a expressão dos números obtidos pela plataforma não passou despercebida, tal como o papel do próprio Bannon na operação.

As primeiras acusações chegaram em agosto de 2020. Na altura, procuradores federais acusaram o ex-conselheiro da Administração Trump e os seus associados de defraudarem os contribuidores da “We Build the Wall” em milhões de euros, quantia que terá sido usada para financiar despesas privadas como joias, contas de hotel ou até um SUV de luxo. Bannon retirou pessoalmente um milhão de dólares dos cofres da plataforma, segundo os procuradores.

Na sequência desse caso, dois dos acusados, Brian Kolfage e Andrew Badolato, declararam-se culpados de fraude perante um tribunal federal norte-americano, ao contrário de Bannon, que mantém até hoje a sua inocência. Neste processo específico, o atual apresentador de um dos podcasts mais ouvidos no movimento conservador, “War Room”, não teve de a provar em tribunal, já que recebeu um perdão presidencial nos últimos momentos da presidência de Donald Trump que o ilibou de qualquer acusação.

O problema para Bannon: os perdões presidenciais abrangem apenas casos federais, e não estatais. E é aqui que entra o estado de Nova Iorque, personalizado nesta instância pelo procurador público do distrito de Manhattan, Alvin Bragg.

Segundo avança o jornal norte-americano “The Washington Post”, o desenho da acusação estatal será muito semelhante ao anterior processo federal. O jornal cita ainda fontes próximas do caso que preveem que Bannon se irá entregar voluntariamente às autoridades locais na quinta-feira.

Em resposta aos últimos desenvolvimentos, Bannon, meras semanas após ter sido condenado por desacatos no congresso dos EUA, ao recusar-se a prestar declarações perante a comissão do congresso norte-americano encarregue de investigar a invasão ao Capitólio, emitiu um comunicado combativo onde rotula a acusação de “uma instrumentalização partidária do sistema de justiça criminal.”

“Tenho orgulho em ser uma das principais vozes na proteção das nossas fronteiras e na construção de um muro para manter o nosso país a salvo de drogas e criminosos violentos”, diz Bannon. “Eles vêm atrás de nós todos. Não só de mim ou do Presidente Trump. Nunca vou parar de lutar, ainda nem comecei. Terão de me matar primeiro.”

Texto de José Gonçalves Neves, editado por João Cândido da Silva

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