
Derrube do Governo de Imran Khan, em abril, teve dedo de Washington. Próximo de Pequim e Moscovo, o primeiro-ministro caído quer voltar ao poder com discurso antiamericano
Derrube do Governo de Imran Khan, em abril, teve dedo de Washington. Próximo de Pequim e Moscovo, o primeiro-ministro caído quer voltar ao poder com discurso antiamericano
Javed Rana, correspondente em Islamabade
Pouco se sabe sobre os efeitos que teve nos corredores do poder paquistaneses a pouco edificante saída das tropas da NATO, encabeçadas pelos Estados Unidos, do vizinho Afeganistão, há cerca de um ano. Combinada com numerosos outros fatores internos e externos, levou à deposição do primeiro-ministro Imran Khan, em abril último. Num verão em que as inundações assolam 70% do país, é nos bastidores da política e da defesa que se joga o futuro do Paquistão.
Tudo começou no final de 2021, quando cresceram tensões entre as poderosas forças armadas paquistanesas e o então chefe do Governo sobre quem entre os generais — e de que forma — devia chefiar as operações secretas no Afeganistão após o regresso dos talibãs ao poder, na sequência de 20 anos de guerra com uma Força Internacional de Assistência à Segurança que incluiu quase 50 países.
O Ocidente comandado por Washington sempre olhou com desconfiança para a política do Paquistão para com o seu vizinho. Foi por isso que os Estados Unidos nunca hesitaram em culpar os poderosos serviços de informações paquistaneses (ISI) por correrem ao lado da lebre ao mesmo tempo que caçavam com os mastins.
O Paquistão foi dos poucos países que reconheceram o primeiro regime talibã, entre 1996 e 2001. Contudo, Islamabade deu uma reviravolta e deixou de apoiar o movimento islamita para se juntar à “guerra contra o terrorismo” ocidental, depois e a Al-Qaeda, a quem os talibãs davam abrigo no Afeganistão, ter cometido os atentados de 11 de Setembrod e 2001, que mataram 3000 pessoas.
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