A Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira (Frontex) está a ser acusada de pagar €2,50 à hora aos mediadores culturais que trabalham diretamente com os refugiados e migrantes, em situações vulneráveis, em locais de grande fluxo de chegadas à Europa como a Grécia, Itália e Ilhas Canárias (Espanha). A denúncia é feita através de uma petição, criada através da plataforma Change.org.
“Sentimos que somos vistos como objetos e uma oportunidade para as agências fazer dinheiro à custa da nossa profissão”, pode ler-se no texto da petição. “Somos um ponto-chave na comunicação porque fazemos a tradução e interpretação entre os requerentes de asilo e os funcionários da Frontex. Embora o nosso trabalho seja de bastidores, queremos ser vistos como parceiros essenciais e tratados com respeito.”
De acordo com a mesma petição, os mediadores culturais são contratos via SeproTec/CIES, uma empresa com sede em Madrid, Espanha, que recentemente ganhou o concurso para fornecer serviços de tradução à Frontex. Os contratos têm uma duração entre um e dois meses, sendo pedida disponibilidade 24 horas por dia, sete dias por semana. “Na prática, aos mediadores culturais não é permitido estar mais do que 30 minutos fora do local de trabalho e têm de estar a postos seja dia ou não. Percebemos esta exigência, uma vez que as chegadas dos requerentes não são planeadas.”
A revindicação diz respeito ao valor que é pago, exigindo que o valor por hora seja ajustado aos valores praticados na União Europeia para funções com isenção de horário, assim como sejam assegurados os custos de alojamento e transporte nos países em que prestam serviço. “Este salário não é suficiente para cobrir os custos como o alojamento e transporte, quanto mais as despesas como taxas, seguros ou as despesas mensais fixas que temos no nosso país de origem”, pode ainda ler-se.
A Frontex é uma das agências europeus com maior orçamento, cerca de €754 milhões.
De acordo com o jornal britânico “The Guardian”, a SeproTec/CIES negou as acusações, referindo que os valores praticados são entre cinco e oito vezes superiores aos indicados pela petição. Em resposta à mesma publicação, a Frontex disse ter conhecimento do documento, cujo conteúdo considera ser de “grande preocupação”.“Queremos sublinhar que a Frontex não aceita condições de trabalho ilegais ou não éticas”, refere ainda, assegurando que vai monitorizar a implementação do contrato assinado.
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