FBI procurou na mansão de Trump documentos classificados sobre armas nucleares
A polícia à porta da mansão de Donald Trump na Flórida, durante as buscas do FBI
GIORGIO VIERA/Getty Images
A presença de documentos sobre armamento nuclear na casa de Donald Trump pode explicar a busca invulgar da polícia federal à casa de um ex-presidente norte-americano, bem como a urgência do Departamento de Justiça dos Estados Unidos em executar o mandado de busca
A mansão de Donald Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, foi alvo de buscas pelo FBI, esta segunda-feira, para reaver documentos sensíveis que o ex-presidente dos Estados Unidos tinha levado consigo quando saiu da Casa Branca e perdeu a reeleição. De acordo com o “The Washington Post”, os agentes federais estiveram à procura de documentos secretos sobre armas nucleares.
O jornal cita fontes familiarizadas com a investigação. No entanto, não é especificado se os documentos se referem ao arsenal nuclear dos Estados Unidos ou de outro país. Em qualquer caso, representam um risco para a segurança dos EUA enquanto não estiverem na posse dos Arquivos Nacionais (agência responsável pela manutenção dos registos governamentais) e, por isso, devem ser rapidamente recuperados.
O procurador-geral dos Estados Unidos e responsável pelo departamento de Justiça na administração norte-americana, Merrick Garland, anunciou esta quinta-feira ter pedido a divulgação pública dos fundamentos para as buscas realizadas pelo FBI, na segunda-feira passada, na mansão de Trump. Merrick Garland revelou também ter sido ele a assinar o mandado de busca, explicando que “sempre que possível é prática padrão procurar meios menos intrusivos como uma alternativa a uma busca”.
Assim, a presença de documentos sobre armamento nuclear na casa de Donald Trump pode explicar a busca invulgar da polícia federal à casa de um ex-presidente norte-americano, bem como a urgência do Departamento de Justiça dos Estados Unidos em executar o mandato. Ainda segundo o “The Washington Post”, sublinha a profunda preocupação entre funcionários governamentais sobre o tipo de documentos que podem estar em Mar-a-Lago e o perigo de caírem nas mãos erradas.
Trump criticou a busca “sem aviso prévio” feita pelo FBI à sua mansão, mas garantiu que os seus advogados e representantes estavam em “total cooperação” e que tinha sido estabelecido um relacionamento “muito bom”, antes das buscas. “O governo poderia ter o que queria, se o tivéssemos”, disse ainda o ex-presidente numa publicação através da sua rede social, a Truth Social.
Esta sexta-feira de manhã, Trump disse, na mesma plataforma, que acredita que a “questão das armas nucleares é um embuste”, equiparando-a a outras controvérsias a que chamou também chamou de “embustes” no passado, envolvendo o governo russo, uma investigação de Robert Mueller sobre a campanha eleitoral de 2016 e os seus dois impeachments.
O arsenal nuclear dos Estados Unidos foi um dos focos de Donald Trump enquanto esteve na Casa Branca. No verão de 2017, disse aos altos dirigentes militares dos EUA que queria um arsenal comparável ao da Guerra Fria. E no livro que o jornalista norte-americano Bob Woodward escreveu sobre a presidência de Trump, denominado “Rage”, o antigo presidente foi citado como tendo dito o seguinte: “Temos coisas que ainda nem sequer viu ou ouviu falar. Temos coisas que [Vladimir] Putin e Xi [Jinping] nunca ouviram falar antes. Não há ninguém — o que nós temos é incrível”.
Assine e junte-se ao novo fórum de comentários
Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes