Membro da Guarda Revolucionária Islâmica do Irão acusado de conspiração para matar antigo conselheiro de segurança de Trump
John Bolton
Melissa Sue Gerrits
John Bolton foi conselheiro de segurança nacional de Trump durante 17 meses, tendo sido posteriormente afastado por desentendimentos quanto à política externa. O antigo alto funcionário norte-americano era um dos grandes defensores do aumento da "pressão" exercida sobre o Irão
O Departamento de Justiça norte-americano acusou um membro da Guarda Revolucionária Islâmica do Irão por uma alegada conspiração para matar o antigo conselheiro de segurança nacional de Trump, John Bolton. De acordo com a acusação, o homem terá tentado pagar a indivíduos 300 mil dólares (290.425 euros) para matar John Bolton em Washington ou Maryland.
O suspeito de 45 anos, Shahram Poursafi, também conhecido como Mehdi Rezayi, continua foragido no estrangeiro, adiantou o Departamento de Justiça dos EUA. O jornal "The Washington Post" detalha que, se for encontrado e condenado, Shahram Poursafi poderá enfrentar até dez anos de prisão e uma multa de até 250 mil dólares (242 mil euros) pelo uso de instalações estatais do comércio na prática de assassinato por encomenda, bem como até 15 anos de prisão e o pagamento de outra multa de até 250 mil dólares por fornecer e tentar fornecer apoio material a um plano de homicídio transnacional.
As autoridades federais disseram que o assassinato de John Bolton seria uma retaliação pelo homicídio, em janeiro de 2020, de Qasem Soleimani, um alto comandante da Guarda Revolucionária, que é um ramo das Forças Armadas do Irão. Soleimani foi executado por forças norte-americanas num ataque com drone (aparelho aéreo não tripulado) em Bagdade.
John Bolton foi conselheiro de segurança nacional por 17 meses, sob a égide de Trump, e renunciou em 2019, depois de discordar do antigo Presidente quanto à suspensão de algumas sanções ao Irão como ferramenta de negociação.
Bolton não queria que as sanções fossem suspensas, e foi o principal arquiteto da campanha de “pressão máxima” levada a cabo pelo governo de Trump, para aumentar as sanções económicas e as ameaças de retaliação pelo alegado apoio do Irão ao terrorismo. O objetivo era paralisar a economia do Irão a ponto de os seus líderes sentirem que deveriam conter quaisquer ambições nucleares e de tecnologia de mísseis.
“Embora não se possa dizer muito agora, um ponto é indiscutível: os governantes do Irão são mentirosos, terroristas e inimigos dos Estados Unidos”, refere John Bolton no comunicado acerca da acusação. "Os objetivos radicais e antiamericanos [do Irão] permanecem inalterados; os compromissos que firma são inúteis; e o seu nível de ameaça mundial está a crescer."
John Bolton já reagiu nas redes sociais, agradecendo “ao Departamento de Justiça pelo início do processo penal aberto hoje e ao FBI pela sua diligência na descoberta e seguimento da ameaça criminosa do regime iraniano". Os procuradores dizem que o plano para assassinar John Bolton começou mais de um ano depois de Qassem Soleimani ter sido morto num ataque ocorrido no aeroporto internacional de Bagdade, a 3 de janeiro de 2020.
O antigo conselheiro de Donald Trump foi um grande apoiante da invasão do Iraque, em 2003, e assumiu cargos ligados ao controlo de armas. Também foi embaixador nas Nações Unidas, durante a governação de George W. Bush. Após a presidência de Bush, John Bolton trabalhou em 'think tanks' de direita em Washington e como colaborador do canal Fox News.
Em julho, o antigo alto responsável norte-americano foi intensamente criticado por dizer, em entrevista à CNN, que o ataque ao Capitólio não foi um "golpe" – e que saberia se fosse o caso, porque teria ajudado no seu planeamento. “Como alguém que ajudou a planear golpes de Estado – não aqui, mas em outros lugares – [sei que] é preciso muito trabalho, e não foi isso que [Donald Trump] fez”, argumentou Bolton.
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