Negociadores do Irão, dos Estados Unidos e da União Europeia (UE) retomaram esta quinta-feira as conversações sobre um acordo nuclear que se arrastam há meses, enquanto se sabe que Teerão avançou com o enriquecimento de urânio.
O reinício das conversações de Viena, organizadas subitamente na quarta-feira, parece não incluir representação de alto nível de todos os signatários do acordo de 2015, dado o crescente ceticismo dos responsáveis ocidentais em restabelecer um entendimento e porque o tempo de compromissos “se esgotou”, defendeu um diplomata da UE.
Segundo a imprensa iraniana, o principal negociador do Irão, Ali Bagheri Kani, encontrou-se com o mediador da UE, Enrique Mora, que falará pelos Estados Unidos, já que os norte-americanos não irão negociar diretamente com o Irão, tal como sucedeu noutras conversações. Mora também se reuniu com o embaixador russo, Mikhail Ulyanov, que tem representado Moscovo e que se encontrou separadamente com Bagheri Kani.
“Como sempre, tivemos uma troca de pontos de vista franca, pragmática e construtiva sobre formas e meios de ultrapassar as últimas questões pendentes”, escreveu Ulyanov no Twitter.
Teerão culpa Washington
Em 2015, o Irão, que agora culpa Washington pelo impasse das atuais negociações, conseguiu alcançar um Plano de Ação Global Conjunto com os Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido, Rússia e China, em que Teerão aceitou limitar o enriquecimento de urânio sob a vigilância dos inspetores das Nações Unidas em troca do levantamento de sanções económicas.
Desde a última contagem da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), o Irão tinha reservas de cerca de 3800 quilos de urânio enriquecido, chegando até 60% de pureza – um nível que nunca fora atingido antes e que, segundo os peritos, pode ser o suficiente para fabricar uma bomba nuclear.
Os inspetores da ONU verificaram também que o Irão tinha começado a alimentar com urânio duas cascatas centrifugadoras IR-1 e que planeia instalar mais seis cascatas centrifugadoras IR-2M em Natanz.
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