Internacional

Presidente chinês visita Xinjiang, onde China é acusada de violar direitos humanos

Inaugurada este ano, a autoestrada de Yuli-Qiemo, que atravessa o deserto de Taklimakan, é uma das grandes obras que o regime chinês lançou na região autónoma de Xinjiang
Inaugurada este ano, a autoestrada de Yuli-Qiemo, que atravessa o deserto de Taklimakan, é uma das grandes obras que o regime chinês lançou na região autónoma de Xinjiang
VCG/Getty Images

Xi Jinping vê na região um ponto estratégico do seu megaplano de infraestruturas. Minoria muçulmana uigur tem sido reprimida pela ditadura comunista chinesa

Xi Jinping visitou esta semana a região de Xinjiang, no extremo noroeste da China, onde Pequim é acusada de violações dos direitos humanos, sobretudo da minoria étnica chinesa uigur, de origem muçulmana.

Segundo a agência noticiosa oficial Xinhua, o Presidente chinês designou Xinjiang como “área-chave” no projeto internacional de infraestruturas ‘Uma Faixa, Uma Rota’. Esta iniciativa, lançada por Pequim, prevê a construção de portos, linhas ferroviárias, autoestradas e centrais elétricas, abrindo novas rotas comerciais entre Ásia, Europa e África.

Esta foi a primeira visita de Xi à região desde 2014. Aquela estadia ficou marcada por um atentado à bomba, no último dia. Foi um ano particularmente sangrento, com outro ataque contra civis na cidade de Urumqi e um terceiro na estação de Kunming, no sudoeste da China, que causaram dezenas de mortos.

Em 2009, Xinjiang foi palco de confrontos étnicos entre a maioria han e os uigures. As autoridades lançaram então uma ampla campanha repressiva na região, que resultou na detenção de mais de um milhão de uigures em centros de doutrinação, segundo organizações de defesa dos direitos humanos.

Governos ocidentais classificaram como “genocídio cultural” a campanha chinesa na região, que dizem incluir “esterilizações e trabalho forçado”. Os Estados Unidos e a União Europeia impuseram sanções contra funcionários responsáveis por detenções extrajudiciais, separação de famílias e encarceramento de pessoas por terem estudado no exterior ou terem contactos no estrangeiro.

Governo chinês rejeita acusações

Pequim negou aquelas acusações, apontando que os campos são centros onde os estudantes recebem “educação e formação vocacionais”, com o objetivo de “eliminar o meio social que gera terrorismo e extremismo religioso”.

Xi reuniu-se com líderes do Corpo de Produção e Construção de Xinjiang (XPCC, na sigla em inglês), órgão supragovernamental que tem tribunais, escolas e sistema de saúde próprios, sob o sistema militar imposto na região, após a ascensão do Partido Comunista ao poder, em 1949. Esta organização foi também alvo de sanções norte-americanas.

O líder chinês “aprendeu sobre a história do XPCC no cultivo e guarda das áreas fronteiriças”, informou a Xinhua. Xinjiang faz fronteira com a Rússia, Afeganistão e outros países da Ásia Central, que a China procurou atrair para a sua órbita, através de incentivos económicos e pactos de segurança.

Durante uma rara visita à China, realizada em maio passado, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, pediu a Pequim que evite medidas “arbitrárias” em Xinjiang.

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