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Crise política em Itália: M5S deixa cair Draghi no Parlamento, Governo à beira da queda

Mais um momento de charneira para Draghi resolver
Mais um momento de charneira para Draghi resolver
Sean Gallup/Getty Images

O partido populista que faz parte da coligação governamental cumpriu a sua ameaça de não apoiar o pacote de medidas para combater o aumento dos preços e das taxas de juro. Sem eles, o primeiro-ministro Mario Draghi já disse que não chefia novo Executivo. Itália à beira de nova crise política

Em atualização

O Governo italiano ficou mais próximo do colapso desde que o Movimento 5 Estrelas (M5S) não apoiou na votação esta quinta-feira no Parlamento um pacote crucial para fazer face ao custo de vida, que estava agendado para debate e votação esta quinta-feira.

A moção de confiança no Parlamento italiano passou com 172 votos a favor e 39 contra, mas os senadores do M5S – uma das principais forças políticas a apoiar o Governo de coligação, que inclui partidos desde a extrema-direita à esquerda - decidiram ausentar-se da votação, depois de terem anunciado a sua abstenção por não estarem de acordo com um decreto de ajuda social perante a crise, que consideram ser insuficiente.

O primeiro-ministro, Mario Draghi, encontra-se já no Palácio do Quirinal em consulta ao Presidente da República, Sergio Mattarella, sobre a sua possível demissão.

A ausência e boicote do M5S acaba com a frágil coligação liderada por Mario Draghi numa altura em que a economia italiana sofre com a seca, o aumento do preço dos combustíveis e a subida das taxas de juro. Giuseppe Conte, o ex-primeiro-ministro que lidera o M5S, defende que os fundos disponibilizados para apoio às famílias são insuficientes e que os seus senadores não podem apoiar a proposta de lei na sua versão atual.

A atitude do M5S é vista como uma grande irresponsabilidade uma vez que obriga o país a eleições antecipadas para o outono.

Antes de consumar a ameaça de não comparecer no Senado, o líder Giuseppe Conte declarou aos repórteres: “O cenário mudou, precisamos de uma fase diferente”. Isto depois de não ter havido acordo durante as conversações com Draghi, na quarta-feira. As tensões subiram nas últimas semanas entre o atual e o anterior chefes do Governo. Conte está sob pressão dos militantes do M5S, que acreditam poder ganhar apoios se abandonarem o Governo e se juntarem à oposição.

O pano de fundo das eleições antecipadas

Draghi apoia o pacote financeiro, que contém €26 mil milhões em medidas destinados a apoiar os italianos no contexto da inflação e do aumento do custo de vida. Apesar de se ter mantido aberto à negociação, Conte disse esta quinta-feira, no Senado, que o seu partido não participaria na votação: “Estamos dispostos a apoiar o Governo, mas não assinamos documentos em branco. Quem nos acusar de irresponsabilidade é bom que olhe para dentro de sua casa também”.

Um dos pontos de desacordo do M5S era ambiental dizendo respeito à criação de uma nova incineradora de lixo para Roma. Os deputados também votavam o envio de mais apoio para a Ucrânia, incluindo ajuda militar, a que o partido populista se opôes desde o início da invasão russa.

Com a queda do Governo está em cima da mesa a convocação de eleições antecipadas em Itália. Em termos técnicos, Draghi poderia continuar a liderar uma maioria sem o M5S, mas o primeiro-ministro declarou mais de uma vez que não chefiaria nenhum Executivo sem o ainda parceiro de coligação.

A Liga, de direita radical, faz saber quarta-feira que não participaria noutro Governo. Ou há acordo ou os italianos vão mesmo ser chamados às urnas.

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