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Presidente regional catalão apresenta queixa por espionagem com programa Pegasus

Pere Aragonés
Pere Aragonés
Getty Images

Foram identificados 60 ativistas do movimento separatista catalão cujos computadores foram alegadamente atacados entre 2017 e 2020, utilizando o software Pegasus. Entre os visados estão o atual presidente regional catalão, Pere Aragonés (que era vice-presidente da região na altura) e os antigos presidentes regionais Quim Torra e Artur Mas

O presidente regional catalão, Pere Aragonès, apresentou uma queixa esta quarta-feira contra o ex-diretor dos serviços secretos espanhóis Paz Esteban e a empresa israelita NSO que desenvolveu o programa informático Pegasus, utilizado para alegadamente espiar vários políticos de relevo internacional.

A denúncia, apresentada num tribunal de Barcelona e consultada pela AFP, aponta factos de "intrusão não autorizada em equipamentos informáticos", "interceção ilegal de comunicações" e "espionagem informática".

De acordo com a denúncia, o telefone de Aragonès foi espiado em janeiro de 2020, quando era vice-presidente da região, com o atual presidente regional catalão a não descartar ter sido também espiado quando se tornou presidente da região em maio de 2021.

Num relatório publicado em meados de abril, a organização canadiana Citizen Lab alegou ter identificado 60 ativistas do movimento separatista catalão cujos computadores foram alegadamente ‘hackeados’ entre 2017 e 2020, utilizando o software Pegasus.

O “caso Pegasus” foi revelado por um relatório do grupo Citizen Lab, relacionado com a Universidade de Toronto (Canadá), que indicava que pelo menos 65 ativistas catalães foram espiados entre 2017 e 2020, estando entre os visados o atual presidente regional catalão, Pere Aragonés (que era vice-presidente da região na altura), os antigos presidentes regionais Quim Torra e Artur Mas, assim como deputados europeus, deputados regionais e membros de organizações cívicas pró-independência.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou, a 26 de maio, uma reforma da lei que regula o funcionamento dos serviços de informações, principalmente para "reforçar o controlo judicial", na sequência do escândalo de escutas telefónicas.

No início de maio, o Executivo espanhol também apresentou uma queixa no tribunal Audiência Nacional por alegada espionagem dos telemóveis do primeiro-ministro e da ministra da Defesa, apesar de os factos terem ocorrido em 2021.

Os partidos independentistas catalães ameaçaram na altura retirar o seu apoio no parlamento ao governo minoritário de Pedro Sánchez, com o risco de provocar a sua queda antes do final da legislatura, prevista para o fim de 2023.

O caso assumiu uma nova dimensão quando o Governo revelou que Pedro Sánchez e a sua ministra da Defesa, Margarita Robles, tinham sido eles próprios espiados pelo mesmo 'software', desta vez como parte de um "ataque externo" cujo perpetrador permanece desconhecido.

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