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Repórteres Sem Fronteiras diz que Nobel da Paz é um forte sinal para agir

Os vencedores do Prémio Nobel da Paz de 2021
Os vencedores do Prémio Nobel da Paz de 2021
HEIKO JUNGE

Atribuição do Prémio Nobel da Paz aos jornalistas Maria Ressa e Dmitri Mouratov deixa a organização de Repórteres Sem Fronteiras num misto "de alegria e a emergência de agir"

A organização Repórteres Sem Fronteiras recebeu com "alegria" a atribuição do Prémio Nobel da Paz aos jornalistas Maria Ressa, das Filipinas, e ao russo Dmitri Mouratov, afirmando que se trata de um "forte sinal e um apelo para agir".

"Neste momento, somos marcados por dois sentimentos: a alegria e a emergência", disse Christophe Deloire, secretário-geral dos Repórteres Sem Fronteiras (RSF), na sede da organização, em Paris.

"Alegria porque se trata de uma mensagem muito forte a favor do jornalismo. Uma grande homenagem a dois jornalistas (...) que representam o conjunto dos jornalistas que, a nível global, correm riscos na defesa do direito à informação", disse Deloire.

"Ao mesmo tempo há um sentimento de emergência porque o jornalismo está fragilizado, porque o jornalismo está a ser atacado, porque as democracias também estão a ser atacadas, porque a desinformação e os rumores fragilizam o jornalismo e as democracias e porque é tempo de agir", acrescentou.

O Prémio Nobel da Paz foi hoje atribuído aos jornalistas Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitry Muratov, da Rússia, pela defesa da liberdade de imprensa e de expressão, anunciou o Comité Nobel norueguês.

Os dois jornalistas foram distinguidos "pela sua corajosa luta pela liberdade de expressão nas Filipinas e na Rússia. Ao mesmo tempo, são representantes de todos os jornalistas que defendem este ideal num mundo em que a democracia e a liberdade de imprensa enfrentam condições cada vez mais adversas", justificou a presidente Comité Nobel, Berit Reiss-Andersen.

"Sem liberdade de expressão e liberdade de imprensa, será difícil promover com sucesso a fraternidade entre nações, o desarmamento e uma ordem mundial melhor para ter sucesso no nosso tempo", disse.

Reiss-Andersen disse que a atribuição deste ano do Prémio Nobel da Paz aos dois jornalistas "está, por isso, firmemente ancorada nas disposições da vontade de Alfred Nobel.

Maria Ressa, 58 anos, "usa a liberdade de expressão para expor o abuso de poder, o uso da violência e o crescente autoritarismo" nas Filipinas, onde dirige o Rappler, um órgão de comunicação social digital que se dedica ao jornalismo de investigação e que cofundou em 2012.

O Comité Nobel destacou, em particular, o papel de Ressa e do Rappler na denúncia da "controversa e assassina campanha antidroga do regime" do Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte".

Para o Comité, o número de mortes desta campanha é tão elevado que "se assemelha a uma guerra travada contra a própria população do país".

Ressa e o Rappel também "documentaram como os meios de comunicação social estão a ser utilizados para espalhar notícias falsas, assediar adversários e manipular o discurso público".

Dmitry Muratov, 59 anos, é um dos fundadores do jornal independente Novaja Gazeta, criado em 1993, e de que é chefe de redação há 24 anos.

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