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Manifestação de mulheres em Cabul fortemente reprimida pelos talibãs

Manifestação de mulheres em Cabul fortemente reprimida pelos talibãs
Anadolu Agency

Um grupo de 100 mulheres, que protestava em Cabul contra os talibãs, foi reprimido pelas novas autoridades afegãs. Este sábado, os talibãs voltaram a adiar o anúncio do seu Governo: decisão dever-se-á à situação em Panshir, bastião anti-talibã e último reduto de oposição armada ao novo regime

Manifestação de mulheres em Cabul fortemente reprimida pelos talibãs

João Miguel Salvador

Coordenador digital

Desde o regresso ao poder que os talibãs têm tentado mostrar uma atitude mais moderada, com promessas de Governo inclusivo (embora se espere o estabelecimento de um emirado islâmico). Mas não é líquido que sejam essas as reais intenções do grupo que tomou o poder no Afeganistão, depois de uma ofensiva militar-relâmpago que apanhou de surpresa a comunidade internacional. As últimas notícias dão mesmo conta de que a abertura talvez não passe mesmo de um engodo: este sábado, os talibãs — que na sua última passagem pelo poder, de 1996 a 2001, lideraram com mão de ferro o país — reprimiram de forma violenta um protesto que reunia uma centena de mulheres na capital, Cabul.

De acordo com as informações recolhidas pelo jornal norte-americano "The New York Times", várias das mulheres que exigiam inclusão num futuro governo talibã disseram ter sido espancadas por combatentes. Os militantes tentaram dispersar a multidão e impedir que as pessoas no local filmassem a cena com os seus telemóveis, segundo imagens divulgadas nas redes sociais. Ao telefone a partir da capital afegã, uma jovem participante de 24 anos disse ter sido usado gás lacrimogéneo, coronadas e tacos ou ferramentas de metal.

ANÚNCIO DE GOVERNO ADIADO

Este sábado, os talibãs voltaram a adiar o anúncio do seu Governo, cuja composição deverá dar o tom para os próximos anos no Afeganistão. Quase três semanas após o retorno ao poder do grupo, tanto a população afegã como a comunidade internacional continuam à espera que seja anunciado quem vai governar em Cabul.

A decisão de um novo adiamento poderá dever-se à situação em Panshir, último reduto de oposição armada ao novo regime, onde este continua a enfrentar resistência armada na província de Panshir. O bastião anti-talibã — situado num vale sem litoral e de difícil acesso localizado a cerca de 80 quilómetros a norte da capital — tem vindo a ser palco de combates entre as forças talibãs e Frente Nacional de Resistência (FNR), desde a última segunda-feira.

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