Porque é que um deputado estadual que se apresenta na rede social Twitter como a descrição "patriota, armamentista, cristão, tenho valores, preço não!", pensa extinguir uma Universidade brasileira que está entre as melhores das América Latina, é a pergunta feita pelos responsáveis académicos e alunos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), face à proposta do deputado estadual Anderson Moraes - do PSL-RJ - que insiste em extinguir esta Universidade pública e transferir o seu património e alunos para o ensino privado.
O projeto voltou a ser discutido esta semana com a direção da UERJ a contestar vigorosamente a proposta apresentada por Moraes em maio. Na altura o deputado do PSL insurgiu-se contra a "balbúrdia nas universidades custeadas com o dinheiro do povo, nós não iremos aceitar".
Para o reitor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, a proposta de extinção desta Universidade pública é tão “inconstitucional quanto estapafúrdia, não merecerá apoio da esmagadora maioria da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, que reconhece a importância da universidade para a população fluminense e brasileira, para a educação, a ciência e a tecnologia de nosso país, constituindo-se no maior projeto de inclusão social e na maior agência de políticas públicas do nosso estado”.
Na avaliação do reitor, Ricardo Lodi Ribeiro, "a iniciativa visa excitar hordas radicais, com propósitos eleitorais, sem qualquer compromisso com a democracia, com o progresso da ciência, com a educação, mas, como revela a própria destinação proposta aos bens da Universidade, a interesses inconfessáveis", lê-se numa nota publicada no site da UERJ.
O presidente da Assembleia Municipal do Rio de Janeiro, André Ceciliano, eleito pelo PT já "confirmou que o documento está no sistema da Casa, mas garante que a chance de ser colocado em votação, na sua gestão, é nula: Enquanto eu for presidente, este é um debate que não vamos enfrentar", informa a Agência Brasil.
Recorde-se que a história da Universidade do Estado do Rio de Janeiro começou em 1950. São 70 anos de ensino público de uma escola com 43 mil alunos e 2600 docentes.
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