Ministro do Negócios Estrangeiros britânico afirmou que, se a União Europeia não “avançar substancialmente” em duas ou três áreas prioritárias para o Reino Unido, negociações para o acordo do Brexit chegam ao fim. Um possível “não acordo” é visto como fracasso político de Boris Johnson
Há mais de um ano em negociações para um acordo de saída do Reino Unido da União Europeia, os dois lados da contenda continuam sem chegar a um entendimento. Mas o tempo terminou: Dominic Raab, ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, afirmou que domingo, próximo dia 13, marcará um “ponto final” nas negociações comerciais, caso a União Europeia não “avance substancialmente” no que tem proposto.
Raab falava à Sky News quando afirmou que desta vez, depois de todos os avanços e recuos, o prazo para acertar os termos do Brexit estava a ser entendido pela sua equipa de negociação como rígido — “acho que o vemos como um ponto em que é preciso ter algum fim”.
Esta quarta-feira, Boris Johnson encontrou-se com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que reiterou a necessidade de encontrar um acordo “imediatamente, de maneira a resolver as questões essenciais”. “Chegaremos a uma decisão até ao final do fim de semana”, acredita von der Leyen, sem deixar de sublinhar que as posições de UE e Reino Unido estão ainda “muito distantes”.
Num comunicado assinado pela presidente, lê-se que, durante um jantar de mais de três horas, teve com Johnson uma “discussão animada e interessante”, que permitiu tomar “um conhecimento claro das posições de cada um”. “Mantêm-se muito distantes”, frisa von der Leyen.
Do lado britânico, fontes diplomáticas deram conta de uma “discussão franca sobre os obstáculos significativos que se mantêm nas negociações”, e realçaram que permanece “um fosso muito grande” entre os lados, sendo “incerto se estas [diferenças] podem ser ultrapassadas”.
Essas dificuldades estão a ser vistas na imprensa britânica e junto do próprio Governo como um falhanço de Boris Johnson, que depositava esperanças no encontro desta semana. Michael Gove, ministro do gabinete de Johnson, enfrenta agora a oposição dos deputados na Câmara, onde o tema será debatido e a nuvem de um possível “não acordo” será permanente.
Entre os bloqueios ao acordo estão, sobretudo, as pescas e as milhas em águas britânicas disponíveis para os barcos europeus.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt
