Antes da chamada telefónica desta segunda-feira já estavam identificados os três elementos mais complexos para o diálogo entre Boris Johnson e Ursula von der Leyen: concorrência, mecanismo de resolução de litígios e pescas. Depois da chamada continua tudo mais ou menos igual: uma declaração conjunta dos dois intervenientes enviada aos órgãos de comunicação social aponta que se mantêm “diferenças significativas” nestes três dossiês.
No seguimento de mais este desentendimento, os negociadores-chefes de cada uma das partes envolvidas foram convocados para prepararem um parecer sobre as diferenças que ainda se mantêm e que vai ser discutidas pessoalmente em Bruxelas, para onde Boris se vai deslocar para se reunir fisicamente com Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.
De acordo com fontes diplomáticas, num encontro esta segunda-feira de manhã com as representações permanentes dos Estados-membros em Bruxelas, Michel Barnier, negociador chefe da UE, apontou que ainda não há entendimento em torno dos três capítulos mais sensíveis das negociações - concorrência, mecanismo de resolução de litígios e pescas -, nem tão pouco houve progressos de vulto. A chamada entre Boris Johnson e Ursula von der Leyen também não os resolveu.
Segundo algumas fontes, Barnier apontou esta quarta-feira como data limite para um entendimento, informação que o porta-voz da Comissão, Eric Mamer, se escusou a confirmar. esta quinta e sexta-feiras os líderes europeus estarão em Bruxelas para o último Conselho Europeu do ano, que tem o 'Brexi' entre os pontos em agenda.
A menos de quatro semanas do final do ano, União Europeia e Reino Unido tentam num derradeiro 'sprint' chegar a acordo sobre as relações futuras, já que a partir de 01 de janeiro de 2021 -- data que coincide com o arranque da presidência portuguesa do Conselho da UE, no primeiro semestre do ano -, o Reino Unido, que abandonou o bloco europeu em janeiro de 2020, deixa de gozar do chamado período de transição, mantendo o acesso dos britânicos ao mercado único.
Na ausência de um acordo ('no deal'), as relações económicas e comerciais entre o Reino Unido e a UE passam a ser regidas pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e com a aplicação de vários controlos alfandegários e regulatórios.
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