Milhares de pessoas manifestaram-se este domingo em várias cidades francesas, incluindo Paris, Toulouse, Lyon, Estrasburgo, Nantes, Marselha, Lille e Bordeús, em homenagem a Samuel Paty, o professor de história que foi decapitado após ter mostrado as caricaturas de Maomé publicadas pelo jornal satírico Charlie Hebdo. Foi na Praça da República, na capital, que mais pessoas se juntaram - entre elas encontravam-se o primeiro-ministro francês, Jean Castex, e também a autarca parisiense, Anne Hidalgo.
Frases como “Je suis Samuel”, “Je suis Prof” ou “Je suis enseignant” foram entoadas pelos manifestantes, que repetiam aquilo que já tinham escrito nos cartazes que erguiam no ar, descrevem os meios de comunicação social franceses.
“Devemos viver todos juntos, aprender a vivermos juntos e todos têm de respeitar a fé de cada um”, disse aos jornalistas Anne Hidalgo. Antes, também o ministro da Educação de França defendeu a necessidade da manifestação. “É absolutamente importante mostrar a nossa mobilização e solidariedade, a nossa coesão nacional”, disse Jean-Michel Blanquer à France 2.
Para esta quarta-feira está marcada uma homenagem nacional, anunciou o Eliseu, deixando ainda garantias de que o Governo está a preparar uma nova estratégia para proteger os professores de ameaças e situações semelhantes. “que os professores saibam que, após este ato ignóbil, têm o apoio de todo o país. Esta tragédia afeta cada um de nós porque, através deste professor, foi a República que foi atacada”, disse ainda Castex.
O professor francês de 47 anos foi decapitado na sexta-feira, muito perto do liceu localizado na pequena cidade de Conflans-Sainte-Honorine onde dava aulas, dias após ter mostrado aos seus alunos caricaturas do profeta Maomé.
Os cartoons foram mostrados durante uma aula de educação cívica e moral, de frequência obrigatória, na qual Samuel Paty falava sobre liberdade de expressão, tendo permitido que estudantes muçulmanos abandonassem temporariamente a sala. “Era para que os alunos não se chocassem. O professor não quis faltar ao respeito”, relatou o pai muçulmano de um dos alunos da turma.
Dias antes do “típico ataque terrorista islâmico”, como descreveu Emmanuel Macron, tanto o professor como o colégio receberam vários telefonemas ameaçadores.
O autor do ataque foi um jovem com 18 anos, de origem chechena, que gritou “Allah Akbar” momentos antes de ser abatido pela polícia. A investigação decorre e as autoridades já detiveram 11 pessoas, que foram sujeitas a interrogatório por alegado envolvimento no crime.
De acordo com a BBC, quatro das pessoas detidas imediatamente após o ataque são familiares do atacante. Já no sábado, mais seis foram detidas, incluindo o pai de um dos alunos, que é referido nos meios de comunicação franceses como um conhecido radical islâmico. Sobre o 11.º detido ainda não há detalhes.
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