Kim Jong-un chorou: a reação inesperada do líder da Coreia do Norte
Durante um discurso feito numa parada militar, o líder norte-coreano exibiu uma rara vulnerabilidade emocional ao falar das dificuldades do seu povo
Durante um discurso feito numa parada militar, o líder norte-coreano exibiu uma rara vulnerabilidade emocional ao falar das dificuldades do seu povo
Jornalista
Durante uma parada militar, o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un fez algo inesperado: chorou. Admitindo que a sua governação não tinha conseguido corresponder às expetativas dos cidadãos, tirou os óculos e limpou os olhos, uma rara demonstração de vulnerabilidade no presidente do partido único daquela que é descrita como a última ditadura estalinista do mundo.
"O nosso povo depositou em mim uma confiança tão grande como o céu e tão profunda como o mar, mas nem sequer consegui estar satisfatoriamente à altura. Lamento realmente", disse Kim, citado pelo "Korea Times", um jornal sul-coreano de língua inglesa. "Os meus esforços e a minha sinceridade não foram suficientes para livrar o nosso povo das dificuldades nas suas vidas."
A Coreia do Norte, que atravessou longos períodos de fome em décadas recentes, sofre os efeitos combinados das sanções americanas e da pandemia, que restringiu as trocas comerciais com a China, o seu principal parceiro económico (e aliado político).
O investimento maciço em equipamento militar - na parada foi apresentado um novo míssil intercontinental - parece cada vez mais difícil de suster, ou mesmo de justificar, nas atuais circunstâncias, e a promessa de uma melhoria nas relações com os Estados Unidos, materializada em vários contactos pessoais diretos entre Kim e Trump, que se tornou o primeiro Presidente americano a visitar o país, suscitou esperança de que a pressão pudesse aliviar.
Essa esperança ficou pelo caminho, e a Coreia do Norte prosseguiu a sua estratégia habitual, que contém uma ameaça implícita de caos para os países vizinhos se o regime entrar em colapso. E reação emocional inesperada de Kim poderá ser um indício de que os "desastres sem precedente" e os "graves desafios" de que ele falou durante o seu discurso estão a afetá-lo pessoalmente, e talvez a colocar potencialmente em risco a sua liderança.
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