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CIA diz que Putin estará “a comandar” campanha para prejudicar Biden. Os sistemas democráticos têm capacidade para lidar com isto?

CIA diz que Putin está “provavelmente a comandar” campanha para prejudicar Joe Biden e ajudar a reeleger Donald Trump
CIA diz que Putin está “provavelmente a comandar” campanha para prejudicar Joe Biden e ajudar a reeleger Donald Trump
Mikhail Svetlov

Depois das suspeitas em 2016, foi esta terça-feira revelado um documento confidencial da CIA que aponta para a interferência russa, na pessoa do Presidente Vladimir Putin, na degradação da imagem de Joe Biden, candidato do Partido Democrata às eleições norte-americanas. O projeto político de Putin “passa por destruir as democracias liberais no mundo” e isso encontra eco em Trump, diz um analista de política internacional ouvido pelo Expresso. Para outro, que viveu mais de três décadas na Rússia, a dúvida já não é se há interferência — “há de todos os lados, ou alguém acredita que a China está sentada à espera?” — é se os “sistemas democráticos têm capacidade para lidar com isso”

O Presidente russo, Vladimir Putin, está “provavelmente a comandar” uma campanha para denegrir Joe Biden e ajudar a reeleger Donald Trump. A notícia do dia nos Estados Unidos, a que se junta o facto de o país ter ultrapassado as 200 mil mortes por causa da covid-19, tem origem num relatório confidencial da CIA, cujo conteúdo foi revelado por duas fontes anónimas ao jornal “Washington Post”.

“Consideramos que o Presidente Vladimir Putin e os mais altos dirigentes russos estão cientes, e provavelmente a comandar, operações da Rússia que têm como objetivo denegrir o antigo vice-presidente [Biden] e alimentar a discórdia pública sobre as eleições de novembro nos Estados Unidos”, lê-se no relatório, que os serviços secretos norte-americanos recusam comentar mas que não desmentem. O documento tem por base informação de outros serviços além da CIA, como o FBI e a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla inglesa).

Datada de 31 de agosto, a avaliação inclui detalhes sobre a forma como o deputado ucraniano Andrii Derkach tem feito passar informação depreciativa em relação ao candidato do Partido Democrata às eleições de 3 de novembro, através de lobistas, membros do Congresso e da comunicação social. Com uma preciosa ajuda — uma “proeminente” figura ligada a Trump, cujo nome não é referido mas que se sabe ser Rudolph W. Giuliani, advogado pessoal do Presidente — e um “manda-chuva”: Vladimir Putin.

Entre o material difundido por Derkach estão os áudios de conversas de Joe Biden com o à época presidente ucraniano Petro Poroshenko e que servem de base à acusação de Donald Trump de que o ex-vice de Barack Obama tentou influenciar a justiça ucraniana para que esta não investigasse o filho, Hunter Biden, que fazia parte da direção da Burisma Holdings, uma empresa de extração e produção de gás investigada pela justiça da Ucrânia. O nome de Derkach não é novo entre os serviços de informação norte-americanos: a 10 de setembro do ano passado, o Departamento do Tesouro norte-americano acusou-o de ser um “agente russo ativo há mais de dez anos” e estar a tentar “minar as eleições presidenciais de 2020 nos Estados Unidos”.

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