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E agora que chegou o apoio de Putin, o que vai acontecer aos protestos na Bielorrússia? E as sanções, são solução?

Duas mulheres ostentam uma antiga bandeira da Bielorrússia, do período entre 1991 e 1995, em protesto, nas ruas de Minsk
Duas mulheres ostentam uma antiga bandeira da Bielorrússia, do período entre 1991 e 1995, em protesto, nas ruas de Minsk
Valery Sharifulin

Um simples telefonema entre Vladimir Putin e Aleksandr Lukashenko, a 15 de agosto, chegou para este último, alvo dos maiores protestos da sua presidência de 26 anos, se sentir revitalizado - e continuar sem ouvir os pedidos da população por eleições livres. As manifestações ainda não acabaram mas as sanções que a UE tem previstas podem não ter qualquer impacto. Por onde segue agora a mancha vermelha e branca que encheu as ruas da ex-república soviética no último mês?

E agora que chegou o apoio de Putin, o que vai acontecer aos protestos na Bielorrússia? E as sanções, são solução?

Ana França

Jornalista da secção Internacional

A história da Bielorrússia nas últimas semanas podia ser uma metáfora sobre as consequências de se prometer o que não se pode cumprir. Desde 2014, quando a Rússia anexou a Crimeia e a província ucraniana de Donbass, que o presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, tem vindo a assumir uma postura bastante combativa contra o Kremlin e o seu principal inquilino, o presidente russo Vladimir Putin. Tomou para si a bandeira nacionalista e muitos bielorussos agradeceram-lhe isso - não capitular perante o gigante vizinho transformou-se numa vantagem eleitoral e moral. Mas a história dos povos tem uma forma de se desenrolar além das vontades dos seus soberanos e, na Bielorrússia, as últimas quatro semanas foram as mais complicadas dos 26 anos de Lukashenko à frente do país.

Com milhares de pessoas nas ruas a exigir novas eleições, mais liberdades individuais e o fim da violência da polícia, Lukashenko fez uma chamada para o Moscovo e as coisas começaram a mudar. O recente encontro, na cidade russa de Sochi, entre Putin e Lukashenko é o tema do momento mas o momento de viragem na chamada “revolução vermelha e branca” deu-se antes. “Há uma chamada a meio de agosto entre os dois homens que dá um impulso de força a Lukashenko. Antes dessa chamada houve uma brecha para a oposição atuar mas depois de Putin ter dito que Lukashenko era um líder legítimo, a população tomou consciência de que o gigante russo estava pronto a proteger o regime e várias coisas programadas não aconteceram: uma greve geral foi desconvocada, os polícias e membros dos serviços de segurança não desertaram, a máquina não abateu”, explica ao Expresso Yauheni Preiherman, diretor do centro de estudos internacionais Minsk Dialogue, com sede na capital da Bielorrússia.

Os (vários) problemas das sanções

Os protestos continuam nas ruas, ainda que agora se concentrem maioritariamente aos fins de semana, e a UE parece continuar do lado de quem pede uma mudança de regime. O Parlamento Europeu (PE) aprovou na quinta-feira, com 574 votos a favor, 37 contra e 82 abstenções, uma resolução em que rejeita os resultados das “supostas eleições presidenciais” que se realizaram no país a 9 de agosto, “uma vez que estas decorreram em flagrante violação de todas as normas reconhecidas a nível internacional”, lê-se no comunicado do PE enviado às redações.

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