Internacional

Afeganistão. Indústria da heroína está a usar a energia solar e a crescer a olhos vistos

Plantação de papoilas em Gereshk, província de Helmand, no Afeganistão
Plantação de papoilas em Gereshk, província de Helmand, no Afeganistão
NOOR MOHAMMAD

Uma reportagem da BBC mostra como uma tecnologia ecológica ajuda a potenciar os lucros de uma droga extremamente mortífera

Luís M. Faria

Jornalista

Os campos de papoilas no Afeganistão estão a usar energia produzida com painéis solares. Uma reportagem da BBC no vale de Helmand - tida como a região mais perigosa do país, mas também aquela que é o centro do cultivo a partir do qual se produz a maior parte da heroína consumida no mundo - fala em 67 mil painéis só nessa região.

Os painéis vieram substituir o diesel anteriormente usado e servem sobretudo para alimentar as bombas elétricas que extraem água do solo. Uma vez irrigadas, porém, as explorações adquirem ganhos de produtividade enormes, permitindo inclusivamente cultivar a papoila em locais onde ela antes não era viável.

Segundo a BBC, a área de cultivo de papoila em Helmand tem crescido exponencialmente, excedendo já os 300 mi hectares. Um ex-soldado britânico, que atualmente dirige uma empresa cuja especialidade é a análise de zonas perigosas do mundo através de imagens de satélite, resume a situação resultante do advento da energia solar para os produtores de papoila: "Toda esta água está a fazer o deserto florescer".

O Afeganistão é o principal produtor mundial de heroína. Essa indústria apenas teve uma interrupção abrupta durante um breve período, nos anos iniciais do presente século, devido a medidas severas tomadas pelos Talibã, então no poder.

Após a invasão americana em 2003, a produção retomou em força, e ocasionais quedas não desmentem uma notória tendência ascensional, tendo a área cultivada mais do que duplicado ao longo da última década.

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