Internacional

Donald Trump ameaça encerrar o Twitter através de um tweet

Donald Trump ameaça encerrar o Twitter através de um tweet
OLIVIER DOULIERY/Getty Images

O presidente norte-americano não gostou que a rede social online que habitualmente utiliza tivesse colocado por baixo de duas mensagens dele links com informação adicional sobre o assunto em causa

Luís M. Faria

Jornalista

Donald Trump ameaçou as redes sociais, e em especial o Twitter, com uma ordem executiva a publicar esta quinta-feira, depois de dois posts que escreveu terem sido etiquetados pelo Twitter como factualmente duvidosos. "Os republicanos sentem que as Plataformas de Redes Sociais silenciam totalmente as vozes conservadoras. Vamos regulá-las fortemente, ou mesmo fechá-las, antes de permitirmos que isto aconteça", escreveu o presidente no Twitter.

A questão foi desencadeada por duas mensagens de Trump em que o Presidente dos Estados Unidos dizia que permitir a um número maior de eleitores votar por correspondência levaria a eleições fraudulentas. Na realidade, o risco de fraude parece ser extremamente diminuto nesses casos e o objetivo do Presidente é outro: favorecer as suas próprias chances na eleição presidencial em novembro.

Trump sabe que a sua popularidade tende a ser menor nas grandes cidades do que nas zonas rurais. Sabe, também, que o risco de apanhar o vírus, e o receio correspondente sentido pelas pessoas, tendem a aumentar nos aglomerados urbanos densos. Impôr a votação presencial será uma forma de reduzir o número de votantes democratas. Conforme o presidente admitiu há semanas, as eleições por correio não costumam resultar bem para os republicanos.

Os seus dois tweets sobre o assunto foram mais uma tentativa de suscitar duvidas sobre a fiabilidade do voto por correspondência. Mas nesta ocasião, pela primeira vez, o Twitter colocou um link por baixo das mensagens com a frase: "Get the facts about mail-in ballots" (obtenha os factos sobre os votos por correspondência). O link leva a uma página com informações e artigos sobre o assunto.

Há anos que a plataforma fundada por Jack Dorsey serve como veículo prioritário para Trump comunicar com os seus seguidores. Em inumeráveis ocasiões anteriores em que o Presidente promoveu teorias da conspiração sem fundamento ou insultou adversários, o Twitter recusou retirar de linha os tweets, mesmo que as mensagens ofendessem as políticas expressas da empresa, com o argumento de que as comunicações de um líder mundial tinham interesse noticioso.

Em dias recentes, Trump voltou a promover no Twitter uma antiga história segundo a qual o apresentador de televisão Joe Scarborough, um crítico frequente de Trump, teria assassinado uma antiga colaboradora sua há duas décadas. É uma história sem qualquer fundamento, desmentida formalmente pelas autoridades e rejeitada pela família da falecida, que tem feito repetidos apelos para que não a espalhem. Mas Trump insiste e o Twitter recusou retirar de linha as mensagens em fala do assunto.

"O Twitter está a interferir na Eleição Presidencial de 2020", escreveu agora Trump. "Estão a dizer que a minha declaração sobre os Votos por Correspondência está incorreta, baseada em fact-checking da CNN das Fake News e do Washington Post da Amazon (...) Está completamente a abafar a LIBERDADE DE EXPRESSÃO e eu, enquanto presidente, não vou permitir que isso aconteça!".

O Twitter respondeu que os tweets de Trump em causa foram etiquetados com informação adicional para evitar o risco de espalhar informação errónea sobre métodos eleitorais.

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