O vice-primeiro-ministro espanhol tornou-se o alvo preferido das mais azedas críticas da oposição, que vê nele um “comunista totalitário”. Mas o secretário-geral do Podemos não se deixa intimidar por um clima político cada vez mais irrespirável. Sente “inveja” da união entre Governo e oposição em Portugal. Nesta entrevista exclusiva fala do áspero confronto em Espanha, dos êxitos e erros do Executivo e do futuro da União Europeia se a reconstrução não for mutualizada.
Estava há pouco mais de dois meses no Governo quando chegou a pandemia. Até que ponto a falta de rodagem contribuiu para cometerem erros?
A falta de rodagem não é desculpa. Se pudéssemos voltar atrás, não só em Espanha como em qualquer país, teríamos tomado medidas antes. Ninguém podia prever a dimensão desta pandemia a nível global. No entanto, estou orgulhoso de pelo menos dois elementos: o Governo tomou as medidas mais rigorosas, atendendo ao número de falecidos e infetados. Somos criticados por termos sido muito rigorosos no estado de emergência, o que foi determinante, com o empenho da população, para moderar e baixar a curva. Desde logo, o escudo social que começámos a construir é prova de que se enfrenta uma crise que não é só de saúde, mas também económica e social, de uma forma diferente da de 2008. Essa implicou cortes, despejos, resgate à banca, desproteção dos trabalhadores. Estamos a fazer exatamente o contrário: processos de lay-off que abrangem milhões de trabalhadores e empresas, rendimento mínimo vital muito em breve, ajudas para rendas de casa, proibição de despejos e cortes de luz e água. Assumimos uma voz que diz que a UE sairá desta crise de forma solidária, ou não sairá. Sendo autocríticos e assumindo erros, não apenas de comunicação, o balanço geral é bom. Muitíssima gente vem dizer-me: ainda bem que estão aí, que teria sido isto com um Governo da direita!
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