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Sergio Moro, ministro da Justiça do Brasil, pede demissão

Sergio Moro, ministro da Justiça do Brasil, pede demissão
EVARISTO SA/AFP/Getty Images

Bolsonaro tenta agora reverter a decisão do ministro demissionário e ex-juiz federal. Incumbidos dessa missão, de convencer Moro a recuar, estão Braga Netto e Luiz Eduardo Ramos, ministros da Casa Civil e da Secretaria do Governo

O ministro da Justiça brasileiro, Sergio Moro, apresentou a demissão, avança a "Folha de São Paulo". A decisão aconteceu depois de Jair Bolsonaro, o Presidente do país, ter anunciado a troca do diretor-geral da Polícia Federal (PF). Confrontada com a notícia, fonte da assessoria do ministério afirmou que o pedido de demissão "não está confirmado".

Maurício Valeixo, o homem que agora cai, foi escolhido por Moro em 2018. Antes dessa nomeação, conta o "Estadão", o ainda diretor-geral da PF comandou a Diretoria de Combate do Crime Organizado e foi ainda superintendente da corporação no Paraná, responsável pela operação 'Lavo Jato'.

A "Folha" revela que Bolsonaro dava sinais de que queria trocar o diretor-geral da PF pelo menos desde o ano passado, pois o Presidente terá a intenção de ter mais intervenção no papel da polícia.

De acordo com o diário brasileiro, Bolsonaro tenta agora reverter a decisão do ministro demissionário e ex-juiz federal. Incumbidos dessa missão, de convencer Moro a recuar, estão Braga Netto e Luiz Eduardo Ramos, ministros da Casa Civil e da Secretaria do Governo.

Esta mexida leva a uma espécie de quebra de protocolo pois, apesar de ser nomeado pelo Presidente, o diretor-geral da Polícia Federal é tradicionalmente uma escolha do ministro da Justiça.

Sic transit gloria mundi...

Esta brecha na confiança e relação entre Sergio Moro e Jair Bolsonaro poderá levantar fantasmas do passado recente, pelo que se dizia no início do ano, quando o ministro da Justiça era tido como um dos favoritos da população para a corrida presidencial, agendada para 2022.

"Não tenho esse tipo de ambição (de ser Presidente)", disse Moro num programa televisivo em meados de janeiro. "Temos de ter os pés no chão. Existe a frase antiga e famosa que diz: 'sic transit gloria mundi'". Ou seja, toda a glória no mundo é transitória, de acordo com a tradução latina.

"Esses assuntos de popularidade vêm e vão, eles passam, e o importante para mim é fazer o meu trabalho como ministro da Justiça e foi isso que estabeleci com o Presidente. Acho que estamos no caminho certo", disse então Moro. "Os ministros do Governo existem para apoiar o Presidente. Essa é a maneira natural."

Intenções e ambições à parte, no arranque de 2020, o Instituto Datafolha dizia que o nível de confiança em Moro fixava-se nos 33%, na altura 11 pontos percentuais acima de Jair Bolsonaro. Em dezembro, o mesmo instituto revelou que a taxa de aprovação de Moro era de 53%, muito longe dos 30% de Bolsonaro.

O papel do ainda ministro da Justiça na 'Lava Jato' terá sido decisiva para essa popularidade.

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