Após 20 anos de poder, Vladimir Putin já é o novo ‘czar’ da Rússia, o herdeiro de imperadores russos e líderes soviéticos. Considera-se o “pai do povo” e a personificação da alma russa. Agora prepara uma revisão constitucional que vai permitir que se perpetue no poder
A encenação repete-se anualmente. Durante o verão, Vladimir Putin, Presidente da Rússia, parte de férias para a Sibéria. Ali, passa os dias no meio da natureza, em caminhadas, a pescar e a andar a cavalo. Depois, a propaganda do Kremlin faz o resto. Divulga imagens de Putin de binóculos a observar paisagens distantes; deitado na floresta com a águia russa bordada no casaco; e a montar a cavalo em tronco nu. Enquanto Trump se entretém a jogar golfe no seu resort, Putin faz questão de mostrar ao mundo as suas férias sóbrias e viris.
Tal como os czares Romanov, o Presidente da Rússia assume-se como o “pai do povo” e a personificação da alma russa. E, à semelhança do soviético Estaline, também ele é frio, enigmático, e gosta de vincar os contrastes com o ocidente, que considera fraco e decadente. Se boa parte dos czares e dos líderes soviéticos morreu em funções, também Putin está decidido a perpetuar-se. Para tal, prepara uma revisão constitucional que, na prática, lhe permitirá manter-se no poder até 2036. Justificada em nome da estabilidade, esta revisão constitucional fortalece os poderes do Presidente e do Conselho de Estado, exalta os feitos russos, e reafirma valores como o casamento tradicional e a crença em Deus.
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