Internacional

Tensão: Turquia abre fronteiras mas Grécia barra entrada a 10 mil migrantes

Horas depois do presidente turco ter decretado a abertura de fronteiras, cerca de dez mil migrantes que tentavam chegar à Europa foram barrados na Grécia por forças militares e de segurança que usaram gás lacrimogéneo para travar a multidão. Autoridades gregas garantem que as suas "fronteiras estão bem guardadas" e pediram reforço dos meios militares. Há mais de 3 milhões de refugiados na Turquia que aguardam pela chance de uma vida melhor

Um clima de tensão crescente entre refugiados e as autoridades fronteiriças gregas marcou o primeiro dia da abertura das fronteiras turcas à saída de migrantes. Em poucas horas, 220 refugiados conseguiram alcançar a ilha de Lesbos e, nas fronteiras terrestres, foram milhares os que tentaram chegar à Europa. As autoridades gregas barraram a entrada de 10 mil pessoas, dispersando a multidão, recorrendo a gás lacrimogéneo. O Governo grego reune, este domingo, de emergência para tomar medidas. E já pediu um reforço da ajuda europeia.

São milhares de homens, mulheres e crianças de um contingente de refugiados que se estima ultrapassar já os três milhões de pessoas, que aguardam, há anos, na Turquia, uma oportunidade de entrada na Europa. Este sábado, viram uma janela de oportunidade no anúncio feito pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, de uma abertura das fronteiras com a Europa.

Erdogan mantém um longo braço de ferro com a Europa, mas parece ter desistido de uma solução negociada para o problema dos milhões de refugiados, a maioria dos quais fugidos da guerra na Síria. "Há meses que diziamos que, se isto continuasse, seríamos obrigados a abrir as nossas portas. Não acreditaram em nós", disse Erdogan durante um discurso em Istambul.

O líder turco admitia que, logo nas primeiras horas de sábado "jã tinham cruzado as fronteiras uns 18 mil refugiados", mas admitiu que os números pudessem escalar rapidamente para os " 25.000 ou 30.000" em apenas um dia.

"Não vamos fechar as portas aos refugiados e migrantes", assegurou Erdogan, para quem "a União Europeia tem de cumprir as suas promessas", apontou, numa alusão ao acordo de 2016, segundo o qual a Turquia concordou em estancar a onda de refugiados para a Europa em troca de ajuda financeira.

Durante a noite vários migrantes tentaram entrar em território grego, abrindo buracos na vedação que separa os dois países, com as autoridades gregas a dispararem gás lacrimogéneo para dispersar a multidão. Ainda, ontem, as autoridades gregas lançaram "um pedido de ajuda suplementar" à Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira (Frontex) para um reforço e reorganização do "equipamento técnico e dos agentes" mobilizados para a zona.

Esta tarde, o Governo grego vai reunir de emergência. O Conselho para os Assuntos Externos e para a Defesa reúne às 16 horas deste domingo para uma tomada de posição sobre esta crise. "As nossas fronteiras estão bem guardadas" garantiu, porém, o ministro da Defesa, Nikos Panagiotopoulos. numa curta declaração aos jornalistas.

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