Os democratas descartaram esta quarta-feira o que apelidaram de “troca de testemunhas” com os republicanos no julgamento de ‘impeachment’ ao Presidente dos EUA, Donald Trump, no Senado.
Sobre Trump pendem duas acusações formais, uma de abuso de poder e uma outra de obstrução à ação do Congresso. Os democratas consideram que o Presidente abusou do cargo ao pedir ao seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, para investigar o rival e ex-vice-Presidente democrata Joe Biden e o filho Hunter. Trump fez depender o envio de $390 milhões (cerca de €350 milhões) em ajuda militar do anúncio dessa investigação.
A acusação de obstrução baseia-se nas diretivas da Casa Branca para que os seus funcionários não cooperassem com o inquérito à destituição, mesmo quando intimados a depor, e na recusa em entregar documentos.
“Julgamentos não são trocas de testemunhas”
O antigo conselheiro de segurança nacional John Bolton é uma das pessoas que os democratas gostariam de chamar a depor. De acordo com testemunhas ouvidas na fase de inquérito à destituição presidencial, na Câmara dos Representantes, Bolton referiu-se à alegada pressão política da Casa Branca sobre a Ucrânia como um “negócio de droga”. No entanto, o ex-conselheiro já fez saber que só testemunhará se for intimado a fazê-lo.
Os republicanos, aliados de Trump, argumentam que Hunter Biden também deveria receber uma ordem para testemunhar no julgamento de ‘impeachment’. Contudo, o líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, esclareceu que “essa troca não está em cima da mesa”. “Os julgamentos não são trocas de testemunhas”, sublinhou.
Numa ação de campanha para a nomeação democrata às eleições de novembro, Joe Biden também disse que não estaria disponível para qualquer troca de testemunhas: “Não vamos transformar o julgamento numa farsa ou em teatro político. Não quero fazer parte disso.”
Trump ‘ameaça’ sentar-se “na primeira fila”
O congressista Adam Schiff, o mais destacado procurador democrata neste julgamento, descreveu o comportamento de Trump como “repulsivo” e “repugnante”. Schiff, que preside à comissão de Informação da Câmara dos Representantes, instou os republicanos a votarem pela destituição de Presidente. Caso contrário, não estarão a “proteger a democracia” americana, antes a “minar a posição global” dos EUA.
A partir de Davos, na Suíça, onde participa no Fórum Económico Mundial, Trump avisou, em tom jocoso, que poderia confrontar os democratas, “sentando-se na primeira fila e olhando para os seus rostos corruptos”. O Presidente rejeita todas as alegações apresentadas contra ele e classifica o ‘impeachment’ como uma “caça às bruxas”.
Os democratas, maioritários na Câmara dos Representantes (a câmara baixa do Congresso e onde se inicia todo o processo), defendem que o Presidente deve ser destituído para proteger a segurança nacional e preservar o sistema de Governo norte-americano. Para Trump ser efetivamente removido do cargo, é necessário que uma maioria de dois terços dos senadores vote nesse sentido. Trata-se de um cenário improvável num Senado (a câmara alta) controlado por republicanos.
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