O uso da tecnologia Huawei nas redes 5G no Reino Unido colocará em risco a partilha de informações transatlânticas, disseram responsáveis americanos a ministros britânicos esta segunda-feira. De acordo com o jornal “The Guardian”, a delegação especial dos EUA referiu mesmo que permitir o acesso da empresa chinesa será “nada menos do que loucura”.
A delegação, liderada pelo vice-conselheiro de segurança nacional, Matt Pottinger, apresentou um relatório com novas provas dos riscos que representa para a segurança depender da tecnologia Huawei em futuras redes de comunicação.
O “Guardian” escreve que o lóbi americano representa uma dor de cabeça para o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que deveria tomar em breve uma decisão final sobre a Huawei. Johnson foi repetidamente assegurado de que quaisquer riscos para a segurança poderiam ser contidos.
“Trump está a acompanhar atentamente”
No fim de semana, o diretor-geral do serviço britânico de informações (MI5), Andrew Parker, declarou que não via razão para pensar que o uso da tecnologia Huawei ameaçasse a partilha de informações com os EUA, sugerindo que o Reino Unido estaria pronto para dar luz verde à empresa chinesa.
No entanto, um membro da delegação americana contrariou essa afirmação, dizendo que “o Congresso deixou claro que pretende uma avaliação da partilha de informações” com o Reino Unido. Um segundo membro referiu que o Presidente dos EUA esperava não se desentender sobre o assunto, acrescentando: “Donald Trump está a acompanhar atentamente.”
A Huawei tem negado reiteradamente que o Governo chinês alguma vez lhe tenha pedido para introduzir “portas traseiras” secretas na sua tecnologia, oferecendo-se até para assinar um “acordo de não espionagem” com os países que a adotem. Mas os EUA insistem que há um risco de vigilância.
Negociações com EUA e UE em breve
A decisão do Governo britânico também será vista como um primeiro sinal importante de quão longe o Reino Unido está disposto a avançar em direção à órbita comercial dos EUA. As negociações com Washington e com Bruxelas, que definirão a relação comercial entre Londres e a União Europeia (UE) após o Brexit, estão para breve, com a aproximação da data oficial de saída do Reino Unido da UE, 31 de janeiro.
A delegação americana afirmou ainda que espiões chineses, que trabalham para o Exército de Libertação Popular, trabalham igualmente para a Huawei. Segundo os americanos, a empresa “desempenhou um papel” no apoio aos “campos de reeducação” da minoria uigure muçulmana na China.
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