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Trump ainda está a avaliar resposta contra o Irão mas para já não há retaliação militar

Trump ainda está a avaliar resposta contra o Irão mas para já não há retaliação militar
KEVIN LAMARQUE

Não há vítimas norte-americanas ou iraquianas na sequência do ataque às bases militares de Asad e Erbil, no oeste do Iraque, mas Trump promete mais sanções económicas contra o Irão - “que vão permanecer até que mudem de comportamento”. E deixou um aviso: “temos as mísseis mas não temos de os usar”

Trump ainda está a avaliar resposta contra o Irão mas para já não há retaliação militar

Marta Gonçalves

Coordenadora de Multimédia

- Enquanto eu for presidente dos EUA, o Irão não vai ter armamento nuclear. Bom dia!

A promessa de Donald Trump foi feita ainda antes de cumprimentar a sala cheia de jornalistas de todo o mundo e as milhares de pessoas que acompanhavam a transmissão da primeira declaração do presidente norte-americano após o ataque do Irão a bases militares que abrigam soldados dos EUA no Iraque. Promessa feita, e Trump prosseguiu anunciando que a resposta da Administração ainda está a ser avaliada, não estando (para já) prevista qualquer retaliação militar.

“Quero dizer a todas as pessoas e líderes do Irão que queremos que tenham um futuro, e um ótimo futuro, um que mereçam. Um futuro de prosperidade em casa e em harmonia com as nações do mundo. Os EUA estão disponíveis para abraçar a paz com a aqueles que a procuram”, disse Trump numa declaração que durou poucos minutos e onde não foram permitidas perguntas por parte da comunicação social. “Continuamos a avaliar as nossas opções.”

Ainda que sem qualquer resposta militar na mira, os EUA anunciaram a aplicação “imediata” de mais sanções económicas ao Irão que “vão manter-se até que mudem de comportamento”. “Apenas nos últimos meses, o Irão apreendeu navios em águas internacionais, disparou num ataque não provocado contra à Arábia Saudita e abateu dois drones americanos”, enumerou.

Ao contrário do que algumas fontes, citadas pela imprensa norte-americana indicaram, ao longo da madrugada e manhã desta quarta-feira, o presidente garante que não há vítimas “americanas ou iraquianas” na sequência dos mísseis lançados.

Uma (espécie de) ameaça

- Os nossos mísseis são rápidos, precisos, eficientes e leitais. Mas o facto de termos este armamento não significa que o tenhamos de usar. Não queremos usá-lo.

Trump não ameaçou mas quase pareceu que o fez quando já na reta final da sua declaração enumerou e explicou o tipo de armamento que os EUA detêm. Isto aconteceu logo depois de o presidente ter garantido que não precisava do petróleo e gás do Médio Oriente. “Somos o produtor número 1 de petróleo e gás natural em todo o mundo. Somos independentes”, disse.

Antes, o presidente sublinhou que tudo indicava que o “Irão estava a retirar-se” da região o que, defendeu, é uma “coisa boa para todos os envolvidos e uma coisa muito boa para o mundo”.

Uma acusação

- Os misseis disparados ontem foram pagos pelos fundos que a última Administração disponibilizou aos iranianos.

Trump acusou ainda a Adminisitração de Barack Obama de ter de alguma forma financiado os mísseis que agora foram usados para atingir as bases onde estão os soldados norte-americanos. “Foram pagos pelos fundos que a última Administração disponibilizou aos iranianos”, acusou em referência ao acordo assinado pelo anterior presidente dos Estados Unidos com o Irão, em 2015, cujo objetivo era diminuir as possibilidades de nascimento da capacidade nuclear da República Islâmica. “O Irão tem de abandonar as suas ambições nucleares e parar de apoiar terrorismo”, disse ainda, notando que o Reino Unido, França, Alemanha, China e Rússia também devem sair do acordo. “É hora de também reconhceram esta realidade.”

Como já tinha dito outras vezes, várias outras vezes, o acordo assinado em 2015 entre as principais potências mundiais e o Irão com vista ao fim do programa nuclear iraniano é, para Trump, “muito defeituoso”. Por isso prefere que uma novo acordo seja feito: “O JCPOA [Joint Comprehensive Plan of Action] é muito defeituoso e, de qualquer forma, vai expira em breve. Devemos trabalhar todos em conjunto para fazer um acordo com o Irão, tornando o mundo um lugar mais seguro e mais pacífico”.

Um homem

- Soleimani era uma dos maiores terroristas, estava a planear ataques que tinham os EUA como alvo.

Foi a morte de Qasem Soleimani que funcionou como arranque de uma nova escalada de tensão entre EUA e Irão. O comandante militar iraniano - tido como um importante homem do Governo - foi assassinado num ataque com um drone norte-americano. Trump assumiu uma vez mais que esse ataque foi ordenado por si e tinha como alvo “o principal terrorista do mundo”.

“Treinou exércitos terroristas - incluindo o Hezbollah -, lançou ataques terroristas contra alvos civis, alimentou sangrentas guerras civis em todo o território, feriu e matou cruelmente milhares de tropas americanas, chegando a plantar bombas, que mutilam e desmembram pessoas, nas estradas”, justificou. E apontou Soleimani ainda como autor de recentes ataques a pessoal dos EUA no Iraque, que “feriram gravemente quatro membros e mataram um americano”, tendo também sido o responsável “pelo ataque violento à embaixada dos EUA em Bagdad”.

Trump assegurou ainda que mais ataques estavam a ser planeados. “Nós conseguimos pará-lo.”

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mpgoncalves@expresso.impresa.pt

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