A ministra japonesa da Justiça, Masako Mori, quebrou este domingo o silêncio sobre a fuga de Carlos Ghosn do país. Segundo a governante nipónica, a ação do ex-presidente da Nissan e da Renault é “injustificável” e só foi conseguida graças à rede de influências de Ghosn.
“Não há justificação para a fuga de um réu que estava em liberdade sob fiança. É de facto lamentável porque ignorou os procedimentos legais no nosso país, o que corresponde a um crime”, declarou Masako Mori em conferência de imprensa.
Garantindo que o Japão tomará “todas as medidas necessárias” para que Carlos Ghosn seja julgado no país, a ministra da Justiça disse ainda que esta fuga deverá dar origem a “regras mais restritas” nos serviços de imigração nos aeroportos.
“O Ministério Público está a levar a cabo um inquérito sobre o caso e o Governo fará também tudo com vista a esclarecer as circunstâncias da fuga do empresário”, acrescentou Masako Mori.
Carlos Ghosn, acusado dos crimes de desvio de dinheiro, fraude fiscal e gestão danosa, diz que fugiu do Japão para escapar da “injustiça e perseguição política”. Aos 65 anos, o empresário é alvo de um mandado internacional da Interpol, mas não se sabe como será possível o seu regresso ao país, uma vez que o Líbano apenas tem acordos de extradição com os EUA e a Coreia do Sul.
Foi no passado domingo que Carlos Ghosn conseguiu fugir do Japão, após ter deixado de ser vigiado por uma empresa de segurança privada. Imagens divulgadas pela estação estatal NHK mostram esse momento em que o empresário saiu sozinho da sua casa em Tóquio rumo ao aeroporto de Osaka, situado a cerca de 400 quilómetros de distância.
De acordo com o “Wall Street Journal”, empresário chegou a Beirute num avião privado via Istambul, onde terá feito escala. A empresa de jatos privados turca, que efetuou o voo para Beirute, garante que em nenhum documento foi revelado o nome de Carlos Ghosn que possui tripla nacionalidade: brasileira, francesa e libanesa. No entanto, o antigo líder da Nissan terá conseguido entrar no país legalmente utilizando o seu passaporte francês. Sete pessoas já foram detidas na Turquia, incluindo quatro pilotos da empresa de jatos privados.
Em abril, Carlos Ghosn saiu da prisão em Tóquio, mediante o pagamento de uma caução após ter sido detido em novembro de 2018 sob suspeitas de fraude contra a Nissan. O empresário ficou em regime domiciliário, impedido de sair o país e de contactar a mulher, pelo que se desconhece como conseguiu escapar das autoridades nipónicas.
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