4 dezembro 2019 7:40

Netanyahu e Pompeo juntos em fevereiro em Varsóvia, à margem de uma conferência sobre paz e segurança no Médio Oriente
janek skarzynski/afp/getty images
A reunião com o Secretário de Estado do seu aliado mais próximo tentará dar ao primeiro-ministro israelita um impulso político após as acusações de corrupção, diz a Reuters. Na visita de dois dias a Lisboa, Mike Pompeo também irá reunir-se com o primeiro-ministro português, António Costa, e com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva
4 dezembro 2019 7:40
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, encontra-se esta quarta-feira em Lisboa com o Secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo. O Departamento de Estado revelou que Pompeo estará esta quarta e quinta-feira na capital portuguesa e que também irá reunir-se com o primeiro-ministro, António Costa, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
Desta forma, o Secretário de Estado encurta a sua presença na cimeira de dois dias da NATO que decorre em Londres e onde acompanhava o Presidente dos EUA, Donald Trump.
A ameaça do Irão será um dos tópicos da conversa entre Pompeo e Netanyahu. O primeiro-ministro israelita deverá também agradecer a recente tomada de posição dos EUA relativamente aos colonatos na Cisjordânia ocupada. Foi Pompeo quem anunciou que Washington já não considera os colonatos “inconsistentes” com o direito internacional. A decisão foi tomada “depois de cuidadosamente estudados todos os lados do debate jurídico”, sublinhou então Pompeo, pelo que a Administração Trump deixará de obedecer à posição legal adotada em 1978 pelo Departamento de Estado.
Quanto ao encontro com Costa, fonte oficial do Governo português, citada pela Lusa, disse que a reunião, marcada para esta quinta-feira, terá como tema central as relações bilaterais entre Portugal e Israel.
Netanyahu acusado em três casos de corrupção
O encontro organizado apressadamente com o diplomata de topo do aliado mais próximo de Israel pode ter como objetivo dar a Netanyahu um impulso político, escreve a agência de notícias Reuters. As eleições de abril e setembro foram inconclusivas e tanto Netanyahu como o seu principal opositor, Benny Gantz, foram incapazes de encontrar uma maioria para formar Governo.
Acrescem a isto as acusações que pendem sobre Netanyahu em três casos de corrupção e que o procurador-geral de Israel anunciou no mês passado. O primeiro-ministro nega envolvimento em qualquer dos casos e fala numa “caça às bruxas”, alegando que as investigações fazem parte de uma vingança política.
Contudo, acossado pelas acusações, Netanyahu concordou entretanto com as exigências de eleições primárias no seu partido, o Likud. O primeiro-ministro “não descartou” mesmo a hipótese, avançada pelo seu maior opositor interno, Gideon Sa’ar, de realizar as primárias nos escassos dias que restam para evitar novas eleições gerais, ainda que este cenário pareça improvável. Sa’ar apelou a um ato interno rápido para dar ao vencedor da disputa a possibilidade de formar uma coligação e evitar conduzir o país às terceiras eleições consecutivas.
Lei não obriga mas Netanyahu poderá ser pressionado a demitir-se
O anúncio das acusações de corrupção contra o primeiro-ministro provocou ondas de choque no Likud. Trata-se do primeiro desafio sério à liderança de Netanyahu desde que o então líder, Ariel Sharon, abandonou o partido em 2005 para formar o Kadima, deixando-o aos comandos. Esta é também a primeira vez na história de Israel que um primeiro-ministro em funções enfrenta acusações criminais.
A decisão de acusar Netanyahu de fraude, suborno e abuso de confiança em três casos de corrupção foi anunciada no mesmo dia em que o Presidente do país, Reuven Rivlin, encarregou o Parlamento de encontrar um chefe de Governo, após Netanyahu e Gantz terem falhado nas respetivas tentativas de formar um Executivo na sequência das eleições de 17 de setembro.
A lei israelita não obriga Netanyahu a demitir-se se for acusado mas, há 13 anos no poder, o primeiro-ministro poderá vir a ser pressionado nesse sentido, além de não poder vir a ocupar qualquer outro cargo de Governo ou de Estado.