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Denúncias de corrupção fazem tremer liderança interina de Guaidó na Venezuela

Denúncias de corrupção fazem tremer liderança interina de Guaidó na Venezuela
Fausto Torrealba/REUTERS

Segundo uma investigação jornalística, nove deputados aliados do autoproclamado Presidente interino do país, Juan Guaidó, envolveram-se em práticas de corrupção. Dias antes desta revelação, o embaixador venezuelano na Colômbia, demitido por Guaidó, acusou representantes do Presidente interino de má gestão de recursos. Maduro parece resistir

Denúncias de corrupção fazem tremer liderança interina de Guaidó na Venezuela

Hélder Gomes

Jornalista

Uma investigação jornalística do portal Armando.Info denunciou no domingo práticas de corrupção de nove deputados aliados do autoproclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó. Os parlamentares agiram em favor do empresário colombiano Carlos Lizcano, que está vinculado a um programa do Presidente eleito do país, Nicolás Maduro, para a distribuição de alimentos subsidiados, conta o portal.

Lizcano é identificado como “subalterno” de outros dois empresários colombianos, Alex Saab e o sócio Álvaro Pulido. Esta dupla foi indiciada em julho nos EUA pela prática de preços excessivos nas importações de alimentos para os Comités Locais de Abastecimento e Produção (CLAP). Saab e Pulido enfrentam acusações por lavagem de dinheiro proveniente do programa de Maduro, que a oposição denuncia como uma estratégia de controlo social.

Segundo a investigação jornalística, os deputados em causa fizeram pedidos às autoridades da Colômbia e dos EUA de “indulgência” para Lizcano, considerando que ele não esteve envolvido nos crimes de Saab e Pulido.

“Não vamos encobrir os crimes de ninguém”

Em reação, Guaidó, reconhecido como Presidente interino da Venezuela por meia centena de países, incluindo Portugal, declarou, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP): “Não permitirei que a corrupção ponha em risco tudo o que sacrificámos. Não vamos encobrir os crimes de ninguém. Nem do regime nem de um pequeno grupo de imorais.”

Mas este não é caso único a abalar a confiança em Guaidó. Na sexta-feira, depois de ter sido demitido pelo Presidente interino do cargo de embaixador na Colômbia, Humberto Calderón Berti acusou representantes de Guaidó de má gestão de recursos. Esses recursos estariam destinados à manutenção de 148 soldados que desertaram em fevereiro, em apoio ao Governo interino, e que fugiram para a Colômbia. “As autoridades colombianas alertaram-me e mostraram-me documentos sobre prostitutas, bebidas alcoólicas, coisas impróprias”, disse o diplomata.

Ainda assim, Calderón Berti, que foi ministro dos Negócios Estrangeiros durante três meses em 1992, não responsabilizou diretamente Guaidó nem precisou a origem dos fundos nem os nomes dos envolvidos, adiantou a AFP.

Popularidade de Presidente interino em queda

No sábado, em carta endereçada a Guaidó, o deputado Freddy Superlano renunciou à presidência da Comissão Permanente de Controladoria da Assembleia Nacional para “facilitar as investigações”. No dia seguinte, os dois principais partidos da oposição excluíram das suas bancadas cinco dos deputados citados na investigação jornalística.

Nesta altura, Guaidó tenta, sem grande sucesso, reativar os protestos contra Maduro, refere a AFP. Guaidó, que se autoproclamou Presidente a 23 de janeiro e cuja popularidade já esteve nos 63%, ficou-se em outubro pelos 42%. A 5 de janeiro, termina o seu mandato à frente do Parlamento.

Enquanto isso, Maduro resiste com o apoio de um setor da população, dos militares e de países como Cuba, Rússia e China.

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