IFEMA: a “ilha azul” montada à pressa em Madrid para receber a Cimeira do Clima
A IFEMA teve de ser preparada em tempo recorde, devido à mudança de localização da Cimeira do Clima
SERGIO PEREZ
Um espaço com 110 mil metros quadrados preparado com tanta urgência quanto aquela que temos para combater as alterações climáticas. Durante duas semanas, cerca de 30 mil pessoas vão passar por um recinto que tem desde pavilhões a salas de oração
Nas próximas duas semanas, Madrid é o centro do mundo. Com a crise climática a ocupar um lugar cada vez mais importante no discurso político, espera-se que da COP-25 (em português, “Conferência das Partes” que compõem as Nações Unidas), saiam medidas concretas, nomeadamente sobre a redução das emissões de carbono que os países terão de apresentar daqui a um ano, quando voltarem a encontrar-se, dessa vez em Glasgow, Escócia. Se depender do local do evento, em plena capital espanhola, as condições parecem reunidas.
Em tons de azul, os cartazes da COP-25 continuam a ter Chile no nome. Era na capital chilena, Santiago, que tudo deveria acontecer, não fosse o clima de convulsão política que por lá se vive a ditar a mudança para Madrid. Nos arredores da capital espanhola, a IFEMA é uma espécie de FIL à madrilena.
Tal como a Feira Internacional de Lisboa, o recinto está pensado para receber feiras e congressos internacionais, e transforma-se por estes dias numa autêntica “ilha azul”, como lhe chamou o diário espanhol “El País”. Toda a decoração dos 110 mil metros quadrados da feira é alusiva às cores e aos símbolos das Nações Unidas e da COP-25, um azul que pretende inspirar as cerca de 30 mil pessoas com acreditação para o evento, que decorre entre esta segunda-feira, 2 de dezembro, e 13 de dezembro.
“A partir de agora, isto já não é território espanhol”, disse a ministra da Transição Ecológica de Espanha, Teresa Ribera, na apresentação do evento. “Representa um espaço multilateral, as Nações Unidas. Representa o espaço chileno de ação climática. É a hora de agir. É a hora da ação climática”, escreveu no Twitter oficial do seu ministério.
O presidente da IFEMA disse o mesmo, mas por outras palavras. “Agora isto é como uma embaixada, nós somos apenas os proprietários.” A Feira de Madrid passou então a ser uma embaixada para todos: em cada pavilhão, há uma pequena bandeira do respetivo país a dar as boas-vindas aos visitantes.
Ao todo, são 197 estados a participar na Cimeira do Clima e esse é um dos motivos para o aparato de segurança — só vigilantes da IFEMA são 450. Mas não faltarão agentes de segurança vestidos com o azul das Nações Unidas, porque em território internacional é assim que se faz. Com dois ataques numa semana em duas cidades europeias (Londres e Haia), o reforço de segurança é uma arma contra a imprevisibilidade dos dias. Num recinto fechado, a única certeza é que nenhum dos participantes verá o azul do céu.
Um carro da Polícia Espanhola faz a segurança à porta do recinto da IFEMA, o centro de congressos de Madrid que se prepara para receber a grande Cimeira do Clima
Javier Lizon
Não é segredo que a COP-25 foi montada à pressa. Mas também não é novidade que o tempo que resta para tentar combater as alterações climáticas não é muito. A metáfora estará na cabeça de todos quantos pisarem a feira de Madrid nas próximas duas semanas. E que Alexander Saier, responsável pela comunicação da ONU, citado pelo “El País”, divide em cinco grupos: o dos negociadores dos países (só chefes de Estado serão 50), os lobbistas, os ativistas pró-clima, os indígenas e os jornalistas. Na sala de imprensa terão de caber os dois mil profissionais da comunicação acreditados, mais ou menos o mesmo número dos que estiveram na Web Summit, no mês de novembro, em Lisboa.
Apesar da urgência, para todos os participantes haverá 30 salas de reuniões, que podem ser reservadas com antecedência. E outras salas com designações muito próprias, só possíveis num evento desta natureza, onde se ouvirão expressões como “acidificação”, “degelo” ou “emergência”. “Laboratório da Resiliência” ou “Hub de fomento de capacidades” são só dois exemplos dos espaços de reunião da COP-25.
Mas como nem só de trabalho se faz uma Cimeira, há uma lista de restaurantes com horário alargado (veja-a AQUI) e espaços de apoio como a sala de primeiros socorros, a sala de enfermagem (que dispensa acreditação) e, como boa Cimeira global que é, uma sala de meditação e oração.
Na COP-25 os líderes políticos tentarão encontrar uma saída para a emergência climática
SUSANA VERA
Na COP-25 os líderes políticos tentarão encontrar uma saída para a emergência climática
SUSANA VERA
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O programa completo da COP-25 vai sendo atualizado AQUI, dia a dia, com todas as conferências e oradores.