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‘Impeachment’. Republicanos invadem sala e atrasam depoimento em mais de cinco horas

‘Impeachment’. Republicanos invadem sala e atrasam depoimento em mais de cinco horas
Alex Wroblewski/Getty Images

Um grupo de republicanos irrompeu por uma sala da Câmara dos Representantes, onde ia testemunhar uma vice-secretária adjunta da Defesa, e começou a gritar. A polícia foi chamada para repor a ordem. “Eles estão assustados, eles sabem que virão a público mais factos absolutamente condenatórios para o Presidente”, acusou um congressista democrata

‘Impeachment’. Republicanos invadem sala e atrasam depoimento em mais de cinco horas

Hélder Gomes

Jornalista

Donald Trump tinha pedido uma ação “mais dura” contra o processo de ‘impeachment’ movido pelos democratas e, esta quarta-feira, um grupo de republicanos invadiu uma sala de audiências da Câmara dos Representantes e atrasou o depoimento de uma funcionária do Pentágono.

Segundo vários relatos, os republicanos irromperam pela sala onde ia testemunhar, à porta fechada, Laura Cooper, vice-secretária adjunta da Defesa para a Rússia, Ucrânia e Eurásia, e começaram a gritar. A polícia foi chamada para repor a ordem, revelou um assessor republicano no Congresso.

O processo de destituição está relacionado com o pedido do Presidente norte-americano ao seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, para Kiev investigar Joe Biden, um dos democratas mais bem posicionados para tentar impedir a reeleição de Trump no próximo ano.

Republicanos contra interrogatórios à porta fechada

“Há cerca de 20 congressistas lá em baixo, pelo menos uma dúzia que não faz parte das três comissões [envolvidas na investigação de ‘impeachment’]”, revelou o republicano Mark Meadows, citado pela agência Reuters. “E eles vão esperar até que haja um processo mais aberto e transparente”, acrescentou.

Os republicanos consideram injustas as regras para a investigação delineadas pelos líderes da Câmara dos Representantes, onde os democratas têm a maioria. Em concreto, queixam-se de os interrogatórios decorrerem à porta fechada e de não serem divulgadas transcrições.

A Constituição dos EUA dá ampla liberdade à câmara baixa do Congresso para definir a condução do processo de ‘impeachment’ e as regras da investigação.

O republicano Matt Gaetz, um assumido defensor de Trump que liderou a ação desta quarta-feira, já tinha tentado entrar na sala de uma comissão na semana passada. No entanto, foi impedido por não ser membro de nenhuma das três comissões responsáveis pela investigação.

“Eles estão assustados, estão a tentar parar esta investigação. Eles não querem que a testemunha Cooper seja ouvida hoje. Eles sabem que virão a público mais factos absolutamente condenatórios para o Presidente dos EUA”, acusou o democrata Ted Lieu.

Laura Cooper já tinha chegado para testemunhar e ser questionada, entre outros assuntos, sobre o motivo por que Trump decidiu reter 391 milhões de dólares (cerca de 350 milhões de euros) em ajuda militar à Ucrânia que fora aprovada pelo Congresso.

Uma “piada” e uma investigação “ao estilo soviético”

O democrata Stephen Lynch, que integra a comissão de Supervisão, informou que os procedimentos do dia relacionados com o ‘impeachment’ tinham sido suspensos – no entanto, a responsável foi finalmente ouvida com mais de cinco horas de atraso. O também democrata Eric Swalwell acusou o grupo de republicanos de comprometer uma área segura do Capitólio, obstruir a investigação e tentar intimidar uma testemunha.

Na segunda-feira, Trump disse que “os republicanos têm de ser mais duros e de lutar” contra o ‘impeachment’, referindo que os democratas são “perversos e mantêm-se unidos”. “Isto nunca acaba. Os democratas, que não fazem nada, são terríveis!”, escreveu no Twitter já esta quarta-feira. O caso dos democratas está “morto”, acrescentou Trump.

Ainda antes da ação daquele grupo de republicanos, vários outros classificaram o processo liderado por democratas como uma “piada” e uma investigação “ao estilo soviético”. Em causa está, por exemplo, o facto de as audições serem privadas e de a Câmara dos Representantes não ter votado formalmente a autorização da investigação.

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